sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sem vontade de escrever.

Torless

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Mas.


Eu
queria
contar
num
livro
as
fantasias
dos
dias
em
que
compartilhávamos
maravilhas

Mas.

Torless

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Outros sentimentos na estrada


Eu ainda tenho o teu cheiro no meu corpo
Eu ainda sei o quanto quero você
Ô menininha, vivamos um sonho
Não adianta mais fugir do querer

Eu só quero que você me compreenda
Que me atenda o telefone à noite
Eu só peço aquilo que nos alimenta
Liberar o sexo ao que divertir

Sei como é que é
Brincar de pisar na lua
Sei e gosto quando
Me diz, me diz: sou tua

E por isso eu vou cantar
O quanto é bom reencontrar
Outros sentimentos na estrada

Pah, pah, pah, pah!... U...u.
La, la, la, la, la... Buh!

Torless
javascript:void(0)
PS: Comoescreverumacançãoemumminuto.com.xD

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ah!


Ah!

Ah!

Ah!

(?)

Há amor no universo. O universo é dividido. A divisão é ruim.
Ruim é não amar. Não amar destrói o homem. O homem ama, logo é racional.
Ser racional não garante a razão. A razão é um fator incerto. Quem é incerto?
Incerto é todo o amor do universo. O universo se tornou pequeno. Pequeno sem amor.
Com pouco. Muito pouco. Pouco. Ponto.

Torless

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Luz e instintos



Sabe quando alguém tem uma luz inexplicável que nos chama para perto
Como se fôssemos meros insetos seguindo instintos
E quando esta mesma atração cheira a morte, mas não paramos
Como se fosse bastante viver pelo fascínio?
Pronto... Como eu me sinto.
Não sei se é delírio, droga ou distúrbio. Não sei se é distração.
Há muito tempo eu uso a intuição para atingir meus limites.
É certo que eu me engano, porém eu tento.
Dessa vez irei feito vento.
Por que não condenar a mim mesmo o descontrole?
Eu quero ver o que eu posso encontrar nesse ponto brilhante.

Torless
Autora da essência: Erika & Karen.
(Ambas deram-me a mesma temática coincidentemente.)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

(?)


Não me importo.
Não me importo com o quê?
Não importa, eu não me importo.
Quem se importa? Você? Eu? Que conversa!

Torless

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Melancolia de artista


Que proezas! Que tragédias!
Sou alguém afogado em peripécias
Cultivo a velhice da face em candura
Mas o silêncio é a minha única fortuna

Calado estou propenso ao soluço da estrada
Em luto pensativo cismo a vida das estátuas
Sempre ingênuo ao senhor Trapézio do circo
Confesso: estou rubro pelo tédio que sinto

Reprises e teses são os maiores furos do meu cobertor
O sol não alcança mais a sombra das minhas mágoas
Os pingos de luz são meus doces raios de amor
O barco sobe e afunda à onda nostálgica

Desço a escada - a noite brilha
Observo um galho e prossigo na trilha
Ligo insatisfeito a minha antiga vitrola
Enquanto percebo o orvalho com melancolia

Torless

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Cada palavra


Cada palavra que eu digo transforma os meus pensamentos
Em alegria, em saudade, em tristeza e em momentos
Percebo que alguém está adormecido
E que este alguém indiretamente sou eu
Talvez não o "eu" de hoje, mas o "eu" de tempos atrás
Quando era simples passar pelas estações do dia
E achar quase tudo em seu devido lugar com harmonia
No ser ou no estar para o mundo todo e para mim
Num breve estado de virtudes e vícios assim:
Tão atraentes quanto perigosos
Tão distorcidos quanto sedutores
Tão vivos quanto amores e flores
Mas agora ocultos apenas cochicham o que é
Completamente indecifrável ao que me tornei
Portanto,
cada palavra que eu digo ou não,
transforma-os todos numa solitária ilusão.

Torless
Autora da essência: Iasmin

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Meio


Meio sonolento de procurar imperfeições atraentes
Meio perturbado por exaltar ações insconcientes
Meio disfarçado de Deus para seguir em frente
Meio qualquer coisa, meio eu, meio nós
Meio desleixado, nostálgico, fraco
Meio forte, imbatível, mágico
Meio dissolvido, desistente, perdido
Meio extrovertido, presente, vivo
Meio, completamente meio
Em esperar outro meio
Que dessa vez deve ser o meio
Correto para fundir-me à felicidade

Torless

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Essência



Logo ao aproximar-se de mim, o seu aroma me engole completamente
Nele borbulho em tantas alucinações e anseios que pairo ausente
Perco o senso do concreto, confundo surrealidade com lucidez
Tento explorar o léxico, mas eu me acabo explorado de vez
Experimento caminhar - rápido penso em fugir, porém em vão
Encontro-me imóvel, detido, sem conseguir levar o coração
Se isto é embriagar-se de fascínio, eu não sei ao certo
Só afirmo a certeza de que o desequilíbrio é interno
Pelo perfume, pela essência, pelo instinto
Pelo assimilável, pelo iludível, pelo afinco
Pela deusa natureza que me controla os sentidos
Digo-lhe com total veemência: consome-me ao infinito

Torless
Autora da essência: Débora Costa

domingo, 9 de agosto de 2009

Quer odiar?


O ódio queima infinitamente o manto que nada reveste
Corrói o olho que nos identifica e o ouvido que nos veste
Enfrenta o racional, o eloquente e a retórica altiva
Mata a morte, mata o homem, mata a vida
Quem por ele tristemente deixa ser influenciado
Convive dentro de si com o próprio inferno
Visto que é dos piores mares navegados
Seja em primavera, outono ou inverno
Quer odiar?

Torless

sábado, 8 de agosto de 2009

Pause



Já acima de mim há muitas escolhas
E eu as devo selecionar todo tempo
Compro ideias, empresto outras
Testo, creio e lamento
Mas é vida - portanto vou sem medo
Enquanto vivo, por que desespero?
Que eu venha a passar desgraças
Sofra como miserável
Mas que eu nunca desista
De tentar ser notável
Pause

Torless
Autora da essência: Raiane Mendes

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Ninguém e Alguém


Ninguém:
Por que sou ninguém? O que eu fiz para ser ninguém?
Será se alguém pode me ouvir, por favor?
Alguém:
Desculpe, amigo, mas preciso de você mais do que pensa.
É ninguém e morrerá ninguém porque assim tem de ser.
Ninguém:
É certeza mesmo que nada posso fazer para mudar?
Alguém:
Sim. Por Deus foi predestinado.
Ninguém:
Quê! Não acredito. Eu sempre fui bom crente.
Alguém:
É, mas aqui alguém tem que bancar o excluído. Faz parte.
Ninguém:
É? Pois, se é alguem o excluído, então este é você e não eu.
Alguém:
O quê?
Ninguém:
Sim... Não repara o nome que o autor lhe pôs?
Alguém:
Nossa! Sou eu. Droga!
Ninguém:
Não. Somos nós, já que ninguém é ninguém.
Alguém:
E o que faremos?
Ninguém:
Sei lá. Fodeu.
Alguém:
Fodeu.

Torless

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

E reticências!


Desista
Se não quiser, o jeito é ser inconsequente e lhe convidar aos meus braços
Nós deveríamos fazer o que ninguém desconfiaria, mas
Não pode parar com virgula! Se não, não estará parando...
Tem de ser ponto final, mas
Se é o último dia, quero lhe dizer de uma vez que
Você tem o dom de me deixar confuso
Então apenas cale-se, por enquanto. E saiba: o que nos resta é
Que o sigilo se torne vício, o devaneio realidade
e os sentimentos prazer
Que nosso medo invada invadido, mas que nunca fira
a minha lembrança de eu e você
Que o simples estado presente se manifeste
e faça manifestar
Pensamentos de atração, de desejo, de paixão, de loucura, de preenchimento
Tão fortes que, para nós, a própria morte não virá surpreender
Morte de tudo que há de ruim e persistente em nossos corações
E reticências!

Torless

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Declaro-lhe amor


Eu me declaro uma verdade: dei-lhe minha alma completamente.
Mesmo com toda a vasta garra que há em meu ser, não tenho forças para ficar longe...
De você, eu só queria que ficasse um pouco mais próximo; que por caminho algum nesse mundo me abandonasse. Porque as previsões só se realizam quando nós as temos conosco.
Amor... É você quem não quero não querer. Ausento-me de minha vida, se quiser. Faça de mim logo o que tanto quer. Por mais que isto seja certo ou não, sei que seu sentimento por mim lhe irá conduzir. Salve-me contra o mundo, apesar de eu saber que não é normal agir assim.
O meu sangue lhe transporta não por você, mas por mim... E os seus mais impuros instintos querem absorvê-lo.
Enfim – não importa, não deixe, vamos transbordar juntos! Usemos a eternidade, nem que seja apenas uma ilusão poética para amantes como eu – compartilhemo-na!
Se quiser, meu bem, que eu seja eterna, saiba:
Estou em suas mãos e quero permanecer nelas.

Adaptação: Torless
Autora da essência: Cimara Bandeira

O que é amor?


Eu sei o que é amor
Amor é um sentimento
Que...
Eu sei o que faz o amor
Amor faz com que as
Pessoas...
Eu sei quem inventou o amor
Ele surgiu do desejo
Dos seres mais...
Eu sei o que é, eu sei o que faz
eu sei os seus princípios e finalidades
Eu sei e sinceramente qualquer bobão sabe
Mas é muito particular pra se contar por aí

Torless
Autora da essência: Luciane Santos

É só o meu amor que preciso!


Então minha situação é rejeitada
O meu gostar está em constante abandono
Enquanto eu costuro os anos e as marcas
Você me deixa dor depois dos sonhos

Eu lhe encontro
O meu coração pulsa até a lua
E os meus pés bambos me entregam
Como dissessem - não nego, sou tua

Mas até quando serei de tão fraca atitude?
Onde vive o meu amor próprio?
De tanto pensar, eternizei isto mesmo?
Não, não, não há segredos!

Resta-me esperar algo novo ou não
Já que esperar é como furação
Pode trazer o pior e me destruir
Ou o melhor e me iludir

Sei não
Eu quero sair dessa
Pois nem sou mais muleca
Vou buscar outra bandeira
E levantar o meu sorriso
Na altura dos astros
Da magia e do paraíso
Gritando enfim:
É só o meu amor que preciso!

Torless
Autora da essência: Nara Karinny

Fracasso/Escuridão.


É inexplicável como tudo terminou
Por algo tão simples
Enquanto nosso amor era complexo

É indescritível a insatisfação
Em ter de seguir assim
Sem nossos sonhos, sem léxico

É indubitável que a gente aprendeu
Mas juro: não serei eu
Quem irá aplaudir o nosso término

Tal qual um bobo animado
Que, por justo enfado da desistência,
Levanta os braços à demência
E age com a própria ausência de si

Tal qual um humilde poeta
Que, por razões bem discretas,
Amansa o desgosto e se esconde
Do que sente e aceita partir

Sozinho, eu vejo a amplidão do céu
O mesmo que um dia me mostrou iluminado
E sofro, me machuco, me recordo, e me acabo
Porque nada está claro - há somente escuridão

Torless

Não permitido


O meu amor não é permitido
Há interferência familiar nisso
O sol deixou de ser bonito
A lua me condena à um precipício
O próprio tempo se tornou meu inimigo
E tudo o que faço é esperar o que nem sei
Exatamente
Tudo que faço é atravessar as ruas como num trem
Descontroladamente
Tudo que faço é nada - sem este sentimento, vegeto
Mas tenho alguma força oculta que está bem funda no leito
Da suficiência para transbordar e sair enfrentando o universo
Ela só precisa ser liberada, e eu descobrir a usá-la a meu favor
Sem magoar a quem me é especial, sem ter nenhuma atitude superficial
Para finalmente prevalecer e seguir adiante na minha própria história de vida

Torless
Autora da essência: Sams

Outro caminho?



Talvez seja sinal de que há outro presente caminho
De que não é realmente necessário ficar sozinho
De que os amados lábios finíssimos e ressecados
Ainda adocicam e apimentam os nossos acasos
Mas quem sabe porém seja mais uma meninice
Entre mechas brilhantes e dedos carrancudos
Que apenas me deixará outra vez triste
Bem lá no meio do vazio no escuro
Sinto falta da timidez que compartilhávamos
Das bochechas rubras de vergonha e dos sonhos
E também daquela atmosfera sensual e desajeitada
Em que juntávamos nossos corpos - quase em chamas
É complicado acreditar que ainda me faz ofegar assim
Com suspiros fortes e breves muitíssimos demorados à alma
Mesmo sem nunca ter despedidas ou sem saber como nos unir enfim
Foge da platéia para poder dispensar o lugar e as indesejáveis palmas
Por isso este seu poeta melancólico prefere calar-se ao mundo - que ele sabe nada!

Torless
Autor da essência: João Paulo Jucá de Oliveira

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Gritos da arte


Encontrei um artista no meio da mata
Cantando uma canção de ninar
Ele dizia à madrugada
O quanto queria amar
Em seus sonhos entrei
Rapidamente
Por compartilhar
Das mesmas perdições
Nós conversamos
Exploramos nossas mentes
Dividimos as nossas ilusões
E depois

Juntos gritamos à natureza
Que a sua beleza era toda nossa
Que não precisávamos nos esconder
Pelo medo que limita a doce glória
De vencer a quem controla em nosso país
Todos os desejados e merecidos aplausos
Nos casebres, nas mansões e nos palcos
À bela voz de poetas como nós adormecidos
Que ainda esperam ser reconhecidos
Porque sentem e agem fora das doenças sociais
Contida no espaço e no meio para os desiguais
Em dinheiro, em ação, em política e educação
Que pequenos sonhadores só aos poucos solta
Através de incentivos fracos e coletivas portas
Dando ao menos os primeiros passos em sentido à ausência
Na intenção de atormentar algumas consciências
Lá acolá - deve estar triste, muito triste e perdido
O infeliz da podre avareza que nos reflete mendigos

Mas,

Para sempre e sempre e sempre, apesar de tudo

Este é o nosso mundo - a força da arte
a nossa casa, o nosso compromisso
a nossa alegria, o nosso sacrifício
a nossa vida, o nosso delírio
o nosso tempo, a nossa palavra
o nosso suspiro, a nossa chance
o nosso barco, a nossa água
o nosso estado, a nossa fome
De paz, de saúde, de sentimentos e virtudes

Para nunca e nunca e nunca desistir de sermos humanos


Torless

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

És.


Foste no compasso e na harmonia do meu coração
Como as flores que enfeitam a alegria e a razão
Como os sonhos que se tornam realidade por acaso
Como as mais intensas e suaves matérias
Foste o único sentimento iniludível que eu tive
O meu suspiro ausente entre a poesia e o poeta
O alvorecer distante que se para e desperta
Num qualquer final infelizmente triste
Porém foste ou talvez seja em enfado
Porque eu nem duvido dessa saudade
E nem consigo esconder isto calado
Com a mais pura e maldita sinceridade
Ora, bolas!
Pra quê?
Como?
Por quê?
Enfim!
Por quê?
Como?
Pra quê?
Bolas, ora!
Foste ou és?
És.

Torless

domingo, 2 de agosto de 2009

Brasil - Esperança!


Brasil, a nossa força individual tem poder
Mais forte que todas as batalhas que você vê
Esqueça o voto secreto, preserve o compromisso
Toda vitória de espertos é repleta de políticos
Temos em nosso sistema o emblema presidencialista
Em que tudo de ruim parece nunca estar à vista
Cochichos e anedotas de corrupção diariamente
Criam a cena e oferecem por todos a pizza
Aos velhos ouvidos posicionados indiferentes
Mas nossa alma, tecido que é lar de consciência
Clama por seus direitos - minímos à decência
E já que não há como evitar a sujeira dos estados
Então, companheiros, empunhemos nossas vozes
E sejamos sempre pela esperança abraçados
O que é sutil e de boníssimo agrado
A um poeta que declara seu país
E deseja amá-lo

Torless

sábado, 1 de agosto de 2009

Resumo de uma infância distante


Retrato de um pesadelo

Fiquei preso num buraco escuro e abandonado
Passei horas calado e chorando solidão
Pedi aos céus que jogassem uma corda
Até a respiração diminuir com abafação
Comecei a gritar, o óbvio deixava ser fatal
Aos poucos fiquei ajoelhado e perdido
Minha voz rouca já cansada sofria
E todas as esperanças sumiram
Toda essa aflição me deixou louco
Uma ânsia absurda me pediu a morte
Essa parecia a melhor forma de salvação
Angústia, medo, vazio, perdição
Em segundos, começo a viajar de volta
Me vejo caído no chão, eufórico
Era só um pesadelo ruim
Da próxima vez eu rezo tá, mãe?

Tanto que agora eu bem sei

Tanto que pensei sem nenhum segmento
Tanto que guardei dos meus sofrimentos
Tanto que neguei ser um homem que sofria
Tanto que fiquei com as mais tristes poesias
Tanto estava errado que escondia no espelho
Tanto podre estado que dizia ver perfeito
Tanto procurava qualquer prazer imediato
Tanto esperava das mulheres o sexo
E agora eu bem sei que tenho a direção
Que aquilo que eu fazia era imaturidade
E agora eu bem sei respeitar o coração
Enquanto eu crescia, suspeitava da verdade

O meu desejo

É ter respeito que recusa intenções estúpidas
É ter atitudes simples e não caridades
É ter conceito que equilibra os paradigmas
É ter virtudes concretas e imutáveis

Outdoor

Por que tanta exposição de ideologias?
Há quanto tempo se estuda política?
Em qual partido está a andorinha?
Quais retratos têm mais carisma?

Por que só ficamos por baixo ouvindo?
Há quanto tempo revoltas sentimos?
Em qual dia nós não aplaudiremos?
Quantas vezes nós ainda cederemos?

Linhas ou entrelinhas

Quem conta a história promete a memória
Do que se lê, do que se viu e se foi às ruínas
Vêm metáforas, analogias e outros recursos
Que podem ou não ter senso de
verdadezinhas*
O fato é que nada pára nas linhas ou entrelinhas
Há mais, bem mais, aliás
No baú dos tempos estão preservados
Esconderijos, mitos, prisões e esquecimentos
Onde as gavetas são, ao mesmo instante, sujas e limpas
O fato é que nada pára nas linhas ou entrelinhas

Planeta da paz

Não há diferenças
Não há doenças
Não há violências
Não há indecências
Não há desprezados
Não há escravos
Não há preconceitos
Não há pecados
Enfim nasce o planeta da paz
Nesse lugar sim são sociais
Lá enfim se prevalece a fé
Só falta descobrir onde é

Oração final de um ateu

É pena, se existir apenas
Estar morrendo sem crer
É pouco abaixar o rosto
Este veneno irá me ter
É riso, se der suspiro
De perdão no final
É espanto, se der pranto
De uma fé imortal
Dar a Deus o adeus, dar a Deus o olá
Olá adeus, adeus olá, olá a Deus, a Deus olá

Como se fosse em nosso jardim

Se você vai embora
Rasgue as cartas melancólicas
Que lhe dei e que lhe fizeram ser assim
Se buscar-me na aurora
Pensando estar dentro da brisa
Cante aos ventos a nossa cantiga
Como se fosse em nosso jardim

Palhaçada de ator

Sei de quem é a culpa da infelicidade
Sei da saudade que invade a apatia
E do sabor do dissabor que me fazia
Sei de tudo, sei de nada
Absurdo é palhaçada de ator
Sei o que é mentira de olhares
Sei do universo trôpego dos sopros
E dos trajes, das sementes, dos pares
Sei de tudo, sei de nada
Absurdo é palhaçada de ator

Seu porteiro

Porque toda manhã
Eu me visto empregado
Pego o ônibus cedo
Vou ao velho trabalho
Faz quase vinte anos
Que a porta eu não deixo
Que coisa idiota
Que demais cuido e vejo
Mudaram o meu nome
Sou seu porteiro
Só volto pra casa
Pra ver meus filhos

Tristeza, moça dos meus anseios

Tristeza que me aperta os olhos com força
Discreta flor escondida
Eu devo e não posso, moça
Carregar-te esquecida
Se eu passar perdoado por alguém
Pelas armadilhas que irei cair
Ficarei muito querido também
Mas, contudo, procurarei a ti
Dos meus anseios és o lado que preciso sem querer ou saber

Nenhuma palavra foi dita

Nenhum sofrimento
Defendemos
Nenhum lamento
Tivemos
Nenhuma palavra foi dita
Nenhum futuro
Planejamos
Nenhum devaneio
Inventamos
Nenhuma palavra foi dita
Nenhum de nós se conheceu
Nenhum de nós se procurou
Nenhum de nós existiu
Ainda
Nenhuma palavra foi dita
E por enquanto acabou

Feito de sentimentos

Como beber de água salgada
Insano desesperado
Naufrago nos seus lábios
Silenciosos de mulher
Intocada mas ardente
Protege o traje
Insinua inconseqüente
Que pareço um traste
E daí que eu me importo sim
E sou feito de sentimentos

Do tipo demente

De muito chatear, andou preocupado
O cara do azar, o cara acabrunhado
De muito desandar, ele despencou
O cara que se via nas mentiras que falou
O inconstante dissimulado dos amigos
O desgosto escuro de sua família
A influência destrutiva em sociedade
A identidade sem propriedades
Rapaz adolescente do tipo demente
Odeia o mundo e toda essa gente

Sarcasmo do ser

Nunca tinha feito isto
Ser alguém tão consigo
Brincar tanto comigo
Ser meu comum inimigo
Nunca tinha visto isto
Um plural tão singular
Em desilusões dividido
Num esquecer de como amar
Ainda persistem em dizer
Que sarcasmo é idiotice
E insistem em saber
Do que eu nunca disse

Estória de prazer

Que tal segurar os meus dedos
Sem repulsa, sem receios
Querer um pouco de mim
Sem princípios ou fins
Que tal abandonar o ego
Sem orgulho, sem miragens
Querer vir comigo à minha casa
Sem conversa, sem bobagens
E vamos descobrir juntos
Sem compromisso, sem indícios
Como é esta estória de prazer

Estratégia a dois

Não, não é possível
Oh, meu bem, eles vêem
Acalme sua paixão
Oh, meu bem, escuto passos
Não, não devemos
Oh, meu bem, compreenda
Controle a situação
Oh, meu bem, tenha cuidado
Comparemos...
No passado, partiria de carícia leve a um beijo
No presente, aplausos a quem não pensar em sexo

Olhos adormecidos

Dorme, minha linda
Que é bom vê-los fechados
Os seus olhos descansados
Enaltece no repouso
Que é pra eu admirá-los
Os seus olhos levantados
Oferece o inconsciente
Que é pra inexplicá-los
Os seus olhos serenados
Olhos de quem se suspeita
Única fabricação perfeita
Olhos de quem se clama
Na escuridão, na chama
O despertar

Ideologia em transição

Falo aos ares do meu país
Para seu grito exaltar
Mas só a voz do som
Talvez cá não vá bastar
Se vierem a ser contra mim
Saibam que venero a morte
E podem dizer: ele é louco
Que lhes digo: sou forte
Insisto em não ter épocas
Recuso datas comerciais
Persisto em odiar déspotas
Cuspo até os industriais
Quem quiser me transformar
Por mim
No que nunca serei
Assim:
Tão massa, tão modelo
Tão sutil e cavalheiro
Cairá no pior desprezo
Desgosto ou ensejo
De quem assume uma derrota
Eu sou homem, droga!
O meu caráter é explosivo
Porém sincero
O meu limite é físico
Porém aberto
Às percas, aos danos
Às vitórias, aos planos
Posso ser mais do que penso

Sentimento viver

Falta recuperar as datas que eu deixei cair
Nas estradas, nas matas, no horizonte do existir
Porque ter maturidade não é passar pelo que fiz
Negando os erros, os desenganos, os princípios que parti
Falta aprender, superar e vencer os meus limites
Na arte, no espaço ou no cronológico universal
Porque ter dons não é brincadeira para esnobes
Parando com finalmentes, nada haverá de genial
Eu sou demais por amar o amor e ser amante
Em tanto querer o que me traz o meu calor
Que assim é maior o sentimento viver

A noviça

Louco, demasiadamente louco, com atestado policial
Bato aquela porta de madrugada sem expressão facial
Grito o seu nome totalmente descontrolado de mim
Acordo a cidade, as beatas e os padres dali
Ninguém compreende. Chamam-me maníaco, demente, doente
Nem mesmo ela me defende... E dessa maneira transbordo
Desesperado, cansado, abatido, levam-me preso ao mesmo
Prédio público, sujo, consumido pelos que se dizem ébrios
E eu sempre pulo aquele muro, noviça para novamente buscar-te

Cálices

Brindo ao genocídio dos índios
Brindo ao sangue de Cristo
Brindo às revoluções industriais
Brindo às guerras mundiais
Brindo à AIDS na África
Brindo à fome na Ásia
Brindo à política nacional
Brindo ao aquecimento global
Brindo aos Estados Unidos
Brindo ao analfabetismo
Brindo às riquezas exploradas
Brindo às belezas prostituídas
Brindo às fontes primárias
Brindo às facções terroristas
Brindo às religiões partidárias
Brindo às razões escondidas
E brindo principalmente ao sarcasmo
Que é quem toma todos estes cálices

Sorrisos quebrados

De tantos amores e tantos distúrbios
Que o âmago mental difamava
Debatia-se na estrada
Como se estivesse num dilúvio
Sua visão era clara
Ele sabia onde estava
Mas não queria sorte
Pedia mesmo era a morte
Frias gotas de sangue banhavam-lhe o corpo
E toda a agonia passava com sorrisos quebrados

Não preciso querer ser herói

Se eu faria, você me pergunta
Todos os crimes, todas as lutas
Tudo que houver de bom, de ruim
De perverso, eu faria sim
Por você
Eu me descontrolo
Toda vez que me vê
De pele vermelha
De corpo excitado
Fecho os lábios
E reprimo o sabor
O sabor de você
Minha linda, menina
Vem comigo, não vai assim
Minha linda, pequenina
Fica perto por mim
Que eu mereço mais, você sabe, amor...
Cê sabe que é difícil partir sem um pouco de carinho;
Cê sabe que é difícil fugir se eu não tenho caminhos;
Tudo, tudo, exatamente tudo
Com você existe, sem você é pó
Pó que se joga e pó que explora nós mesmos
Eu não preciso querer ser herói, que eu já sou por ter você

Menino-rei

Hey, hey, hey
Hey, hey, hey
Eu vi mais uma vez
Um daqueles leque-rei
Que ficam pelas pistas
Fazendo um pobre circo
E então eu perguntei:
Menino-rei que sobe a avenida
O que cê faz por aqui?
Não vai dizer que tá querendo briga?
Tenha cuidado, meu fi...lho
E ele respondeu:
Oi, seu moço
É nada disso não
Acontece que tô atrás do pão
Já me acostumei
Vê se não dá trela
Que eu odeio suas instituição
Ah, ah, ah
Ah, ah, ah
Sem acrescentar nada, nada, nada
Pus o pé no acelerador
Fui assistir beatles no DVD
Enquanto o arcondicionando regulava o calor

Eu gosto e tenho prazer

De cima dos teus cílios, há uma ponta de sarcasmo interessante
Quando me aproximo e tento interpretar o que diz
É intrigante
Não que eu não consiga, sim por ser querida
Mesmo tão esnobe, tão de espírito pobre
Eu gosto e tenho prazer
Talvez deva me internar num hospício
Acaso os novos anseios me cuspam com desvios
Alias já me cuspiram
Mas eu gosto e tenho prazer
Sei que é rude, estúpido, fugaz
Estar apaixonado por um alguém como ela
Que de muito orgulhosa se estraga e o afeto dilacera
E daí que eu gosto e tenho prazer

Amplidão

Não há sentidos ou feridos
O que há é direção
Pequenas trilhas, longas estradas
Quem segue junto vai brincando
Vai sorrindo, vai cantando
Quem segue só põe cara feia
Resmungando feito besta
E esta amplidão é maior do que o maior coração
Tem lugar do pior ao melhor
Ser humano que pisa ou pisar nessa Terra
Esta amplidão é a própria cultura
Da paisagem à escultura
Da bondade à luxúria
Da poesia ao amor

Vontade

Vontade de sair de casa
De fumar cigarros
De beber até despencar
Vontade de me perder nas drogas
Nas drogas do mundo
Que não são vendidas
Vontade de dormir na pista
De ser atropelado
De ficar sem cabeça
Vontade, só vontade
Uns segundos de bobagens
E depois passa e vêm outras
Vamos lá

Suco de laranja

Gosto de suco de laranja
Com gelo ou sem gelo
Apenas suco de laranja
Amargo, doce ou agridoce
Não interessa
Gosto de suco de laranja
Quem não gosta, coma banana
Bananada em Copacabana
Visite as maravilhas e escale montanhas
Descubra o gosto que se tem
Mas pra mim não interessa
Eu apenas
Gosto de suco de laranja

Primeira viagem

Mamãe tinha medo de avião
E meu pai parecia viver nele
Eu no cantinho da janela
Via a luz azul dos filmes
Ao subir, muitos olhos fechados
Nem perceberam meu ato
Meu ato de espionar os decotes
Da vizinhança até que...
Com dez anos, a minha primeira viagem
Foi um conto erótico de exibicionismo
Tinha uma sádica lá, eu acredito
E ela não havia adormecido

Rabiscos críticos

Esta doença atormenta o meu caminho
Vou desviando e contornando o coração
Por onde passo, sou chamado pequenino
Mas como eu fico se desconheço a razão?
Não pense logo que eu não tenho sanidade
Não me rotule, não preciso dos seus padres
Pois mesmo triste, busco as minhas verdades
Filosofando humilhado só por mim...
Ninguém virá me abraçar, levar-me ao fim
Ao fim da dor que se descansa em mim
Ao ultrapassar os meus dias antes sociais
Perdi o ego dos meus tempos tão iguais

Abc do Brasil

Que as crianças repitam comigo o abc do Brasil
Que o nosso hino seja compreendido finalmente
Que a escravidão mostre sua cara na atualidade
Que o país se torne um pouquinho mais decente
Que os índios sejam o símbolo ao invés das estrelas
Que o futebol não defina outros esportes pobreza
Que o capitalismo exista, mas somente nos papéis
Que a violência se acalme, para encontramos anéis
O analfabeto não é de simples letras, é de formação
O Aurélio não é um velho besta, é construção
O Machado não é retardado, é invenção
O pai do céu não é interferência, é padrão
Somos responsáveis pelo todo, somos ação
Somos discutíveis ao senado, somos nação
Somos a divisão política que foi esquecida por quem controla a situação
Somos poucos - muitos precisando de apoio numa sala crítica de espera
Somos poucos – muitos precisando de apoio numa sala crítica de janelas... Fechadas

Fica bem

Quando eu chamei o teu nome, naquele dia
Pensava que encontraria a mulher-alegria de sempre
Mas como dizem os limitados racionalistas
O sempre acaba sendo sempre do futuro ausente
Um esboço de riso disfarçado, dissimuladamente
Pairou no teu semblante choroso ao responder
Quis me cumprimentar contente e decente
Pena que eu não caio fácil no simples ver
Fica bem, eu disse, e que seja até o fim
Fica bem, eu disse, e você me disse sim

Gás carbônico

As velhas margens estão sujas
Pelas selvagens corujas
Que fogem dali
E as imagens corruptas
Da humanidade
Ficam por ali... Bem aí!
Viva à morte! Viva à sorte!
Adeus consciência!

Ratos

Os animais os quais criamos são tão discriminados
Droga – Não me conformo! Qual problema com ratos?
Os animais dos quais vivemos são tão explorados
Droga – Eu me importo! Os palácios são dos ratos
Deixemos que eles tenham dignidade
Deixemos que eles venham à sociedade
Deixemos que eles sejam os seus heróis
Deixemos eles todos como nós
Por que ter medo, senhor,
Se o nojo é vosso?
O seu poder, doutor,
É o existir dos ratos

O último poema que virá

Tem de ficar de um jeito perfeito sem transparecer nenhuma insatisfação
Tem de brilhar além das estrelas, de todo o ouro, da luz na amplidão
Tem de cantar a todas as vidas, a todas as mortes, à imaginação
Tem de perder as partes incertas daquele antigo caderno rasgado
Tem de se ler não só com os olhos, pois todos os cinco estão lado a lado
Tem de entender a arte como arte, a crítica como crítica, o amor como fundamental
Tem de me vir e ver a mim mesmo por dentro, por fora, pelas laterais
Tem de partir os velhos conceitos, trazendo à tona os principais
Tem de iludir a minha mente brilhante com promessas de reconhecida eternidade

Insólita vida

Revitalize os pedaços
Que restarem à tua moral
Desvie-se dos acasos
Que te fizeram algum mal
Prossiga: Faça jus à arte
Progrida: Parta a sua parte
Reencontre o berço
Peça um novo registro
Resista ao medo
Despreze os riscos

Complexo

Eu associo os seus seios ao meu leito
Eu associo, mas sou muito ingênuo
E os seus ombros ao meu porto
Eu associo, mas temo
Reverencio a sua inocência
Se é que a tem
Entenda
É complexo

Telas de você e eu

Padrões impostos a limitações superficiais
Conjuntos flexionados de policiais
Termos seguidos de vários predicados
Entendimento-lei tão bastante fraco
Formas e modelos a serem adaptados
Percepções defeituosas
Extras e segredos a serem contados
Divagações minuciosas
Testes provados de ausência-saúde
Plasma dedilhado como alaúde
Talentos jogados às feras
Na droga da TV, nas telas
De você
E eu

Vende-se uma criança

Vende-se uma criança
Credita-se um sonho
Promete-se esperança
Ao homem mais tristonho
CANDIDATE-SE!
Quem se interessar
Não precisa telefone
Basta as ruas olhar
Os pequeninos da fome
VIDA À VIDA!
Distante mas visível
Sempre triste-imprevisível
Carece o molequinho
De atenção, lar e carinho
LIBERDADE!

Caliban

Cometeu latrocínios em tardes escuras
Cometeu suicídios com a alma nua
Cometeu os piores lapsos propositais
Contra ele eram os banais
Cometeu terrorismo no universo
Cometeu logicismo maquiavélico
Cometeu abalo sísmico interno
Contra ele era o inferno
Sem feridas da carne,
Só destruição total
Do espírito
Do bem e
Do mal

666, 999

Uns saem, outros entram
Mas permanecem o anjo e o diabo
A cochichar eles nos prendem
Por dentro de cubículos criados
666, 999
As armadilhas se colidem
Em meros golpes e galopes
Se fabricamos vacinas
Eles se unem mais fortes
666, 999
Incesto de leis e contratos
Repleto de gozo e pecado
Somos imortais de qualquer jeito
De qualquer jeito, de qualquer jeito

Sereia

Vasta como as cachoeiras, suave como o orvalho
Néctar de todas as friezas, mística do orgasmo
É viscosa a sereia dos reclames alucinatórios
Na lucidez dos insensíveis lamentos compulsórios
Centenas de anagramas iludem o teu propósito
Elabora-se o realístico, saram-se os relógios
Numa tríade de subjetividade:
Amaríssima, fria e intocável
Veta-se à congruência da eternidade
Externada aos privilégios dos detrimentos culturais
Transcende a erudição, sacudindo a impaciência
Reparte os líquidos em doses ressurgidas
Ínfima, nebulosa, é lívida a tontura dos aventureiros
Eles se afundam em tantas pragas, que são deprimentes
Cultuam dilemas e emblemas, navegando inconscientes
Lendários náufragos que adormecem para sempre

Eterno outono

Nada de fatalidades
Foram somente peripécias
Para que sinceridades ao que chamam de floresta?
Está queimando... Está ardendo...
Mas e daí... Por que ela deve resistir?
Quem se importa com o verde que perece
Se não for dinheiro, depois se vende e esquece
Eu já parei de imaginar como seria preservar paraísos
Eu já parei de sonhar em como iria subir, subir...
Porque é fado de Sísifo

Somos amantes, isto diz tudo

Se eu disser o que reservo
Será trágico demais
Não que eu queira nosso mal
O problema é o que retrai
Não há sentido no futuro
Se o presente não for eterno
Não há direção lá adiante
Se não tivermos o passado
Ser previsível é estúpido
Somos amantes, isto diz tudo

Árvore

Sim, companheiros, nós temos de declarar
Outro coração a quem nos deu a vida
Com nobreza condecorar com fervor
Saindo de modéstias e despedidas
No ciclo vital, somos ferramentas
E a mágica é da natureza mãe
Perfeita de doação e sensibilidade
Deusa da terra e da existência
Toda mulher é uma árvore
E o seu fruto são os seres humanos

Paz e Satanás

Eu quero ir ao inferno
Buscar um pouco de paz
Desiludir preceitos
Com o senhor Satanás
Suicidar nosso mundo
À metamorfose de si
Como híbrido fecundo
Fazer teorias cair
Cessar guerras de vez
Compartilhar a empatia
Erguer bandeiras cortês
Numa terra de alegrias

Neutro

Intermediário das coisas
Põe os quadros no lugar
Não contradiz as regras
Fala sem nunca reclamar
Vive livre de opiniões
Cala-se às sugestões
Não acena, não discute
Nunca comenta o que curte
Ele é neutro e foge de platéias
Porque odeia alcatéias
E gosta de silêncio

Amizade

Eu a encontrei num ninho de palhas
Vestida de ave, eu a vi por lá
Ela estava caindo e subindo
Sofrendo e tentando, aprender a voar
Então me disse em palavras mágicas
Que as idéias trágicas não moravam lá
Que o meu peito seria o seu leito
E que a solidão iria acabar
- Voamos, voamos juntos, voamos

Musa medieval

Aceito a dor em amar-te
E ser desprezado à Marte
Não me é coisa agravante
Que desagrade ou espante
Sou seu escravo-bandido
O animal preferido
Na coleção disperso
Ao olhar que destrói
O pouco que me rápido fizesse
Perder os desígnios da tua atenção
Poderia enviar-me a um exílio
No abismo da pior depressão

Gênese

Era uma vez, no princípio
O nascimento da vida
Fez-se berço o planeta
Numa luz colorida
Sublime tempo distante
Em que Deus tinha pés
Trouxe aos milênios avante
O deplorável revés


Pétala branca

Reage, oh pétala branca
Colide as ligações negativas
Lidere o erguer das lanças
Comemore as vitórias perdidas
Liberte-se daquilo que pesa
Floresça antes da primavera
Exale o perfume empático
Mova o exército estático
Pétala, pétala branca
Mesclada em porcelana
O meu poema lhe canta
Para que estejas bem

A moça

Eu sei o porquê de nascerem os dias
A quem não se quer bem
Deve haver alguma coisa a mais
Mas o mais não vai além
Quando ela surge, os corações se alimentam
O sabor se funde ao dissabor
Quem com ela habita, suporta qualquer tormenta
O ódio se esvai de tanto amor
A moça, dama das rosas etéreas
Atrai o mundo para vê-la consigo

Porcaria de escape

O som noturno é a evocação dos instintos
No umbigo, no sotaque, no barulho, no insisto
Impecável exame amargo dos disfarçados repulsivos
Grudento aroma de pleno vício
A dose melancólica sacia o sangue
Sombra enaltece e afoga os sãos
Tapa o desfrute nas condições
De não ser fria e covarde agredir em distrações
Porcaria de escape
Mancha e devora o que se rende às terapêuticas
Molda e remove o que concede aos rivais
Fotografa o pavor, o mistério, o estágio
Como asno em pó vencido se faz
O perfume nostálgico rastreia as teias do trono
Enquanto o calendário usa o codinome prazer
Nos escombros de si
Porcaria de escape

Querer

Estou exausto dessas constantes mágoas
Minha sombra serve de estátua pra você
Que só sabe que eu existo sem querer
Eu admiro, venero e idealizo
As filosofias contidas nos teus risos
Que só aumentam a minha vontade de lhe ter
E então o que eu quero querer
Quer por si mesmo o querer de tentar
Querer como não se deve querer

Só você

Não é tarde vir ao entardecer
Trazer algumas frutas para compartilharmos
Do livre gosto que há na satisfação de ter...
De ter um pingo de vontade de descansar
Numa cama gostosa festejar com prazer as vitórias
Que imaginarmos, por enquanto
Só você quer o meu bem, tem comigo amizade
Só você quer algo além, me abraça de verdade
E eu me comprometo a te dar felicidade
Confie em mim também

Nesse boteco falta filosofia

Boa noite, queridos amigos
Vim dizer-lhes que hoje estou vivo
Eu já sei que riem de mim, por eu ser assim
Não me importo, porque toda futilidade é banal
Sou um cara especial, de mente e coração, de alma e razão
Queira vocês criticar os meus modos, que eu afirmo brincando:
Sou louco, sou louco, mas louco feliz... E vocês
Será que não entendem onde estão
Será que não procuram o quê da vida
Será que não buscam sentidos no universo
Nesse boteco falta filosofia

Na base do palavrão

Droga
Mas que porra
Que merda é isso tudo
Querem que eu morra
Compreendendo um absurdo
Caralho
Vão se foder
Tomem no cu
Filhos da puta
Avarentos desgraçados
Que o mundo é bom
Que o mundo é belo
Que o mundo é do mundo
Deveriam saber, mas
Caralho
Vão se foder
Tomem no cu
Filhos da puta
Avarentos desgraçados
Que o mundo está maior
Que o mundo está mundano
Que o mundo está pior
Deveríamos saber
Mas vocês controlam
A porcaria desse mundo
Portanto
Droga
Mas que porra
Que merda é isso tudo
Querem que eu morra
Entendendo um absurdo
Eu vou mandar o mundo pra puta que pariu
E vou mandar até o Brasil, sim, nosso Brasil
Pra o quinto dos infernos, ora
Na base do palavrão, num instante a gente aprende

Miseráveis

Fui à praça da estação dormir
Debaixo das árvores com os irmãos
Encontramos desencontrados
Uma luz vermelha conhecida
Era a polícia, o guarda e a multidão
Que num dia de santo
Foi pra lá orar até amanhecer
O guarda apontou, a polícia ordenou
E a multidão pediu pra nós morrer
Longe dali
De onde as velas não pudessem enfeitar
Imagens milagrosas que valem mais do que vida
Longe, muito longe,
Onde nós, homens miseráveis
Pudéssemos Desaparecer

Cautela é carvão

Não, não terminei
O que tinha pra dizer
Saibam que por essa gente
Eu procuro rebater
Danem-se os fiéis
Que não to vendo salvação
Danem-se os cautelosos
Que hoje cautela é carvão
Carvão que queima
Que queima
E some

Num piscar de mãos

Recebi as tuas reclamações
Numa tarde que o sol não existiu
Esperei o abandono do espírito
Porém nada em mim se esvaiu
Pensei ter lido a tua mente
Num segundo menos inconseqüente
Sobrevoando os teus devaneios
Pincelando com os nossos desejos
Isso foi completo num piscar de mãos

10 centavos

Pede-se 10 centavos
10 centavos são pedidos
Um moleque meio sujo
Pede
Uma senhora deficiente
Também
Um ladrão amigável
Pede
Um cego ator
Também
E todo mundo tá querendo estes 10 centavos

Negatoscópio

Do anúncio:

Franze o aposento aos demais
Com presas miúdas e atemporais
Defronta e se capta nos terremotos
Nas dunas se tinge, fecunda aos remotos
Apalpa lobos, colore o jardim
Cerca nevoeiros, vestindo cetim
Rompida esbelta, a sombra confronta
O que alvoroça os pardais pela zona
Ela se reserva entre obscuros planos
Que são eminentes dos punhais profanos
Num ato espalhafatoso, é breve o reboliço
Das testemunhas distraídas desse precipicio
Sem pudor, aviso ou qualquer vergonha
Vinda dos vermes latentes, enfadonha
Encravada como gramínea, apetece
Instigada naquilo que perece
Sedenta, pálida, encarnada e hostil
A alucinação me é sóbria e sutil

Depois de correr

Esqueço-me por ter uma legião num só corpo
Fantasio além, dissimulo o esboço
Consigo-me o afeto bem melhor do que o ódio
Extasio aquém, consterno o pódium
Na chama que estimula o cerne da minha carne
Há dor adormecida e "anserreceios" eróticos
Na selvageria do reino que consagra a lápide
Descubro segredos nos devaneios prosódicos
Veloz, lenta, inconstante: a mente, principal amante
Pede cretinosa a escabrosidade contínua e petrificante
Do excepcional inexistente que me faz engolir inclemente
O inclassificável prazer de não resistir, depois de correr

Casa das palavras

Palavras têm vida
semelhante à dos humanos,
Mas suas casas são livres
de miséria, egoísmo e avareza.
Quem? Como? Quando? Arte!
Letra! Som! Canto!
Onde? Por quê?
E o fim?
Sejam aprendizes dos
agradáveis jardins
e...
Ilustrem-se!

Lírios

Vem a menina caminhar até a mim
E o compasso harmoniza o clima
Que atenta o medo pela brecha
Some a vista ao brilho forte
Nas minúcias daqueles lábios
À velocidade de uma flecha
Um lugar nosso inventamos
Onde outrora deixamos
Ao despertarmos
Criamos o espaço que
nos é íntimo,
A paisagem e o paraíso
em perfeições,
Tudo dentro da nitidez
de um sonho

João

Deram-lhe o nome mais popular
Das redondezas do sertão
Sim, João!
Irá crescer e trabalhar
Bem no meio do povão
Sim, João!
Quem, um dia, irá chorar
Quando ele for pro chão?
Sim, João!

Garota de vidro

Garota de vidro
Reservada, tímida e sensível
Recostada num cantinho próprio
Ninguém sabe o que há por dentro
Garota de vidro
Inocente, simples e inflexível
Indeterminada a aceitar entradas
Ninguém conhece pelo âmago
Garota de vidro
Reflexiva, brilhosa e afável
Reinventa tudo o quanto viveu,
Ninguém sabe a vitalidade certa que a
Fortalece os sorrisos frenético-enigmáticos

Aninha e Paulinho

Aninha é uma moça muito inteligente, humilde e meiga
Paulinho é um adolescente das ruas e não tem família
Aninha vive num casarão repleto de beleza e jovialidade
Paulinho vive nas ruas repleto de tristeza e maldade
Aninha conheceu Paulinho por meio de um toque
Paulinho conheceu Aninha por meio de um olhar
Aninha teve um arrepio estranho e rústico
Paulinho teve um devaneio a contemplar
Aninha foi chamada pelos pais, pois Paulinho era pobre
Paulinho se afastou, mas sentiu-se carente
Aninha o tocou nas mãos, encorajando-o a se aproximar
Paulinho se voltou àquele sentimento num impulso
Aninha recebeu com afago o garoto nos braços
Paulinho emocionou-se, mas teve medo de repulsividade
Aninha apertou mais ainda, apertou até quase despencar
Paulinho emudeceu-se, e nada mais pôde falar
Aninha foi arrastada por mãos grossas, imensas e rudes
Paulinho paralisou-se, e apaixonado se cruzou de joelhos
Aninha esbofeteou o homem, mas, facilmente, foi levada
Paulinho deitou-se à frente do carro para impedir a ida
Aninha viu que o motorista iria atropelá-lo e se espantou
Paulinho aceitou sair para ter o poder de tê-la em mente
Aninha foi embora, porém entrou numa doença psicológica
Paulinho não mais comia nem bebia, acabou adoecendo também
Aninha foi encaminhada a várias terapias comportamentais
Paulinho foi encaminhado a um hospital público
Aninha infelizmente enlouqueceu
Paulinho infelizmente morreu

Vegetal de sangue

Dias ruins, o respeito pelo medo
Feras espalhadas pelo paraíso
Ambiente seco nas florestas
animal extinto é um imprevisto
Culturas estão sendo encobertas
ação-reação, a ocasião da década
Aliens em formato de cientistas
mais um mistério periclitante
Salve-se quem puder
chegou o aquecimento global
Escondam-se, abaixem-se
Cada revolta será fatal
E a natureza precisa viver
E nós ainda temos de morrer... Pelo vegetal

Rosa murcha

Pétalas se desfazendo frisam o nascimento do final
Afianço-te do qual nem quis contar há milênios
Impulsividade no comando, soltando rédeas de asno
Agouros de outros martelando meus pregos-da-cabeça
Espadas recortam de minhas memórias os vermes
Houve-se o mastigado violento de destroços
Flechas de todos os lados, estou perdendo meu reino
Correndo desesperado, desvio-me das grandes pedras
Uma camponesa enche-se de lágrimas montanhosas
Os anões tocam flauta para simbolizar distinção
Fadas desconhecidas envenenam os selvagens
Centralizada está a rosa murcha, e acabou

Próximas estações

Jovem sou, sem rugas nem cicatrizes do passado
Conservando expectativas da próxima estação
Reservo a mim toda uma coragem que não se descreve
Meus particulares cuidados de próspera determinação
Porque eu sei o quanto serei assassinado nas ruas
Contrariado por meu acreditar, queimando minha suja pele
Como também sei o quanto sofrerei tentações mundanas
distorcendo minha ideologia, acabando-me sem a intenção
Quem sabe eu aceite ser servo, humilhado e excluído
Quem sabe eu seja usuário de sarcasmo, do lado de cá
Quem sabe eu queira um futuro inteligente, e antes morra
[No céu, no inferno, ou nada] Esquece-se o tempo. E você?

O preço de uma índole

Por mais que ainda respiremos nosso patético ar
dominando o planeta e o tratando como objeto
superficiais serão nossos estudos científicos
porque nossas ações são simplesmente vazias
O homem rico estabelece uma ligação de poder
enquanto o menino pobre sofre total submissão
Os militares são julgados irresponsáveis por errar
mas todo o sistema é uma notável contradição
Os sentimentos estão se diluindo em materialismo
e a prostituição física-mental está em constante evolução
Estupros estão mais freqüentes, suicídio é algo comum
sexo é só divertimento, e etnia determina posição social
Uma infeliz cidadania que se restringe explicitamente
A população se retardando com notícias na Tv
Experiência de certificado, bastando meras demonstrações
Trabalho perdido e suor demasiado entre eternas ilusões
O suporte para a esperança é pesado demais
carregá-lo todos os dias nos cansa absolutamente
Escola, vestibular, faculdade, será isso educação?
Não entendo por que o juiz matou o cara da loja

Escritor = Palavra e espírito

Meu órgão vital seduz conduzindo-me os dedos
subindo pouco a pouco pelo meu corpo uma serena sensação
Fazendo-me lembrar daqueles poucos instantes que tive
naquelas mínimas tarde, por cima daquele velho prédio popular
Uma inspiração de um saber sobrenatural convicto
como se eu soubesse o que fosse acontecer no amanhã
Quem sabe eu não seja um vidente, ou algum louco do tipo
Em verdade, sou somente um simplório amador em transição
Sinceramente, palavras são como brincadeiras infantis
Quando as juntamos e transmitimos nosso querer
até que fica bem divertido. Um criativo jogo de educação
E, depois que nos apaixonamos, desaparecem-se as regras
Muitos perderam a vontade de contar histórias
desanimaram-se pela falta de oportunidade e incentivo
Mas não sabem explicar se perguntarmos a razão
O porquê de não escreverem apenas por espírito
Elogios são sempre agradáveis, ilumina idéias e evolue o inspirar
Críticas devem ser bem colhidas, nem todas se mostram amigas
Apesar de a força do escritor ter de refletir ao querido leitor
cada um completa ao outro e é assim que nasce este amor
Que nós sejamos palavras respirando
Oferecendo sementes à arvore da plenitude
Que nós sejamos palavras libertando
florescendo o sabor de nosso deleito

Gigantes e insetos

Enquanto uns só comem italianas e francesas
outros alimentam-se de restos expostos ao lixo
Em qualquer lugar, uma nova escravidão persiste
e não faço nada, igual a você, cidadão!
Gostaria de conversar com os bons fantasmas
que morreram pela pátria, seja qual for delas
e pedir que voltem a vida para nos salvar
precisamos de heróis, chegar a igualdade
A doença do planeta tem capacidade de raciocínio
mas destrói sem plantar e evapora por ganância
Lucros industriais, super carros, isso importa
A camada aquece e sofre um pouco mais além
Os extraterrestres vivem aqui, possuem nome e certidão
Uns são super poderosos, são gigantes e falam por todos
outros não, são apenas pequenos e sem direito de resposta
conhecidos nacionalmente, como o "Povão"
Oxe, vamimbora' prá' São Paulo
lá é 'mió' a vida e nós podi' 'trabaiá'
Oxe, lá vai ficá' muito baum' párrente'
a famía' vai fartar' e as coisas vai' mudá' (Fim da História)
- Desemprego/ Sem-tetos

Poça de lama

Estava em minha casa olhando o mar
Ele estava tão perto, somente
Tentei tocá-lo e desapareceu no escuro
Acho que o desliguei da tomada
O que acontece depois?
Depois os lençóis cobrem a pele
E os dedos pulam fora sem frio
Subterfúgio, não posso pensar
Permaneço vazio e saio a passear
Olha Maria, encontrei uma poça de lama
Brinque comigo, vamos nos melar
Agora eu estou feliz, fiz algo diferente.
Tão simpática e doce a vida posta simples
Por que ficar fora da natureza da esquina?
No meu teto não tem jardim
Não tem flores e pássaros perdem o canto

Para sempre

Quem de nós descobrirá o mundo primeiro?
Quem de nós conhecerá a febre no dinheiro?
Quem de nós não será um quebrado espelho
De alma perdida refletida nos tempos?
Ah... Que esta história de amor vem do além
Do além do espaço, do além das virtudes
Do além da certeza, das vicissitudes
Do além de si mesmo enfim
Todo ser humano descobre um universo próprio
No coração, na ilusão, no querer e no não querer
É lógico que pra alguns isto acontece de capricho
Mas pra outros acolá o maior sacrifício seria não saber viver
Eu vou deixar de pular os dias
Vou beber e comer melodias de felicidade
Porque assim o que passa não passa de uma mentira
Num velho lugar reservado na mente de um homem que crê numa vida
Para sempre...

Pode levar

Pode levar alguns anos pra que eu comece a compreender
As suas razões - seus enganos que vieram repreender o nosso relacionamento
Pode levar algumas mortes pra que eu saiba me evadir
Sendo outra vez forte, tendo um novo caminho a seguir sem mais sofrimento
Pode levar alguns planos imprevisivelmente nossos
Até o abismo do esquecimento nos velhos sensíveis recomeços
Pode levar alguns cortes por ter nos abandonado
Do muito que poderíamos compartilhar juntos com outros berços
Pode levar tudo, que eu não me importo
Se assim escolheu, eu me comporto
Faça a sua vontade valer a pena
Se quiser, procure uma lenda
De um príncipe encantado
De um alguém perfeito
De uma alma gêmea, etc e tal
Que eu sinceramente gosto de erros
E quero dividí-los às vezes
Para distrair


Vazio preenchido

Já faz alguns segundos que desistiu de mim
Dizendo "ô, vagabundo, este é o nosso fim"
Sem carro, moto ou bicicleta para conduzir
Sai correndo feito atleta sem ter pra onde ir
Disparado para o nada que tem
O vazio preenchido
De tanta frieza na sua doce voz
Retiro a beleza de quando éramos nós
O par mais apaixonado que eu conhecia
No planeta em que vivíamos de poesia
E agora disparado pro nada eu vou viver
Um vazio preenchido
Por você

Carlinhos Black