segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Toda a obra

Carlos de Thalisson T. Vasconcelos

Brasil esperança

Brasil, a nossa força individual tem poder
Mais forte que todas as batalhas que você vê
Esqueça o voto secreto, preserve o compromisso
Toda vitória de espertos é repleta de políticos
Temos em nosso sistema o emblema presidencialista
Em que tudo de ruim parece nunca estar à vista
Cochichos e anedotas de corrupção diariamente
Criam a cena e oferecem por todos a pizza
Aos velhos ouvidos posicionados indiferentes
Mas nossa alma, tecido que é lar de consciência
Clama por seus direitos - mínimos à decência
E já que não há como evitar a sujeira dos estados
Então, companheiros, empunhemos nossas vozes
E sejamos sempre pela esperança abraçados
O que é sutil e de boníssimo agrado
A um poeta que declara seu país
E deseja amá-lo

Essência

Logo ao aproximar-se de mim, o seu aroma me engole completamente
Nele borbulho em tantas alucinações e anseios que pairo ausente
Perco o senso do concreto, confundo surrealidade com lucidez
Tento explorar o léxico, mas eu me acabo explorado de vez
Experimento caminhar - rápido penso em fugir, porém em vão
Encontro-me imóvel, detido, sem conseguir levar o coração
Se isto é embriagar-se de fascínio, eu não sei ao certo
Só afirmo a certeza de que o desequilíbrio é interno
Pelo perfume, pela essência, pelo instinto
Pelo assimilável, pelo iludível, pelo afinco
Pela deusa natureza que me controla os sentidos
Digo-lhe com total veemência: consome-me ao infinito

Pause

Já acima de mim há muitas escolhas
E eu as devo selecionar todo tempo
Compro idéias, empresto outras
Testo, creio e lamento
Mas é vida - portanto vou sem medo
Enquanto vivo, por que desespero?
Que eu venha a passar desgraças
Sofra como miserável
Mas que eu nunca desista
De tentar ser notável
Pause

Meio

Meio sonolento de procurar imperfeições atraentes
Meio perturbado por exaltar ações inconscientes
Meio disfarçado de Deus para seguir em frente
Meio qualquer coisa, meio eu, meio nós
Meio desleixado, nostálgico, fraco
Meio forte, imbatível, mágico
Meio dissolvido, desistente, perdido
Meio extrovertido, presente, vivo
Meio, completamente meio
Em esperar outro meio
Que dessa vez deve ser o meio
Correto para fundir-me à felicidade

Reticências

Desista
Se não quiser, o jeito é ser inconseqüente e lhe convidar aos meus braços
Nós deveríamos fazer o que ninguém desconfiaria, mas
Não pode parar com virgula! Se não, não estará parando
Tem de ser ponto final, mas
Se é o último dia, quero lhe dizer de uma vez que
Você tem o dom de me deixar confuso
Então apenas cale-se, por enquanto. E saiba: o que nos resta é
Que o sigilo se torne vício, o devaneio realidade
E os sentimentos prazer
Que nosso medo invada invadido, mas que nunca fira
A minha lembrança de eu e você
Que o simples estado presente se manifeste
E faça manifestar
Pensamentos de atração, de desejo, de paixão, de loucura, de preenchimento
Tão fortes que, para nós, a própria morte não virá surpreender
Morte de tudo que há de ruim e persistente em nossos corações
E reticências

Gritos da arte

Encontrei um artista no meio da mata
Cantando uma canção de ninar
Ele dizia à madrugada
O quanto queria amar
Em seus sonhos entrei
Rapidamente
Por compartilhar
Das mesmas perdições
Nós conversamos
Exploramos nossas mentes
Dividimos as nossas ilusões
E depois

Juntos gritamos à natureza
Que a sua beleza era toda nossa
Que não precisávamos nos esconder
Pelo medo que limita a doce glória
De vencer a quem controla em nosso país
Todos os desejados e merecidos aplausos
Nos casebres, nas mansões e nos palcos
À bela voz de poetas como nós adormecidos
Que ainda esperam ser reconhecidos
Porque sentem e agem fora das doenças sociais
Contida no espaço e no meio para os desiguais
Em dinheiro, em ação, em política e educação
Que pequenos sonhadores só aos poucos solta
Através de incentivos fracos e coletivas portas
Dando ao menos os primeiros passos em sentido à ausência
Na intenção de atormentar algumas consciências
Lá acolá - deve estar triste, muito triste e perdido
O infeliz da podre avareza que nos reflete mendigos

Mas

Para sempre e sempre e sempre, apesar de tudo

Este é o nosso mundo - a força da arte
A nossa casa, o nosso compromisso
A nossa alegria, o nosso sacrifício
A nossa vida, o nosso delírio
O nosso tempo, a nossa palavra
O nosso suspiro, a nossa chance
O nosso barco, a nossa água
O nosso estado, a nossa fome
De paz, de saúde, de sentimentos e virtudes

Para nunca e nunca e nunca desistir de sermos humanos

Somente escuridão há sem você

É inexplicável como tudo terminou
Por algo tão simples
Enquanto nosso amor era complexo

É indescritível a insatisfação
Em ter de seguir assim
Sem nossos sonhos, sem léxico

É indubitável que a gente aprendeu
Mas juro: não serei eu
Quem irá aplaudir o nosso término

Tal qual um bobo animado
Que, por justo enfado da desistência
Levanta os braços à demência
E age com a própria ausência de si

Tal qual um humilde poeta
Que, por razões bem discretas,
Amansa o desgosto e se esconde
Do que sente e aceita partir

Sozinho, eu vejo a amplidão do céu
O mesmo que um dia me mostrou iluminado
E sofro, me machuco, me recordo, e me acabo
Porque nada está claro - há somente escuridão

És

Foste no compasso e na harmonia do meu coração
Como as flores que enfeitam as alegrias
Como os sonhos que se tornam realidade por acaso
Como as mais intensas e suaves matérias
Foste o único sentimento iniludível que eu tive
O meu suspiro ausente entre a poesia e o poeta
O alvorecer distante que se para e desperta
Num qualquer final infelizmente triste
Porém foste ou talvez seja em enfado
Porque eu nem duvido dessa saudade
E nem consigo esconder isto calado
Com a mais pura e maldita sinceridade
Ora, bolas
Pra quê
Como
Por quê
Enfim
Por quê
Como
Pra quê
Bolas, ora
Foste ou és
És

Brilhante

Nossa como você é espontânea
Engano-me tantas vezes que já nem sei
Fico aqui imaginando toda tua importância
Te gosto tanto que não consigo respirar de vez

Incrível - minha animação parece eterna
Se ao teu lado eu estiver
É imenso - tudo o que sinto é gigantesco
Por você, doce menina mulher

Enquanto juntos, mesmo que o tempo nos separe
Não a abandonarei, pois você é brilhante, flor
O sol que em ti encontro ilumina meu espírito
E há em cada olhar um novo universo de amor

Ponto

Há amor no universo. O universo é desconhecido. Desconhecer é ruim
Ruim é não amar. Não amar destrói o homem. O homem ama, logo é racional
Ser racional não garante a razão. A razão é um fator incerto. Quem é incerto
Incerto é todo o amor do universo. O universo se tornou pequeno. Pequeno sem amor
Com pouco. Muito pouco. Pouco. Ponto


Eu e você no singular

Olho dentro dos teus olhos poucos segundos
Antes que você interfira com timidez
Viajo na luz que vejo nítida - é encantador
Até parece que fica me vendo através

Minha cabeça gira, meu corpo contorce
Vou jogando meus braços entre seus ombros
O suor dos seus cabelos desce por minha face
E tudo que eu quero é afundar-me todo

O nosso beijo é o típico beijo da paixão
Penetra no espírito, na mente e no coração
A ponto de não se saber como o tempo será
E também de preservar eu e você no singular

E foi assim que lá ficamos.

Dócil orgulho de criança

Ah, o amor, quanto nos parece complexo
Será que senti-lo é pecado?
Atravesso os espelhos do intelecto
E imagino-o do nosso lado

Teu sorriso alarga-se junto ao meu
Seguindo num único tom de estar e ser
Então todo o mundo parece parar um pouco
Para apenas conseguirmos nos ler, ter e ver

Versos, mais que palavras
O meu orgulho de criança em sentir-te por aqui
Como uma chuva que bate no telhado em noites de medo
Como uma canção que arrepia nosso corpo e nos faz feliz

Outro amanhecer

A busca de um novo diário é forte
Estamos praticamente unidos
Dormimos e acordamos no bosque
Mas não somos selvagens feridos

Menina, sua história também é a minha
O nosso nome no palco sobrevive aqui
Minha mente só progride mais sedenta
Eu já perdi a minha vontade de fugir

A alegria contagiante nos deixa por cima
Tempo passa rápido e eu me perco em você
Uma garota muito além do que um clima
Que eu posso tocar, que eu faço acontecer

Até quando puder continuar assim antes de outro amanhecer
Daqueles em que vem o ceifador e destrói tudo
Estaremos de verdade existindo
Livres do claro e do escuro

E assim seja

Solitária ilusão

Cada palavra que eu digo transforma os meus pensamentos
Em alegria, em saudade, em tristeza e em momentos
Percebo que alguém está adormecido
E que este alguém indiretamente sou eu
Talvez não o "eu" de hoje, mas o "eu" de tempos atrás
Quando era simples passar pelas estações do dia
E achar quase tudo em seu devido lugar com harmonia
No ser ou no estar para o mundo todo e para mim
Num breve estado de virtudes e vícios assim:
Tão atraentes quanto perigosos
Tão distorcidos quanto sedutores
Tão vivos quanto amores e flores
Mas agora ocultos apenas cochicham o que é
Completamente indecifrável ao que me tornei
Portanto
Cada palavra que eu digo ou não
Transforma-me todo numa solitária ilusão

Poça de lama

Estava em minha casa olhando o mar
Ele parecia simplesmente tão belo
Tentei tocá-lo e desapareceu no ar
Acho que o desliguei do treco

Eu percebi a mim mesmo exausto
Depois usei os lençóis para me cobrir
Os meus dedos pularam fora e
Todo o chulo subterfúgio eu senti

Me tornei vazio e sai a passear
Encontrei uma poça de lama e vi Maria
Brinquei com ela e ficamos a nos melar
Agora era mais que poesia – era vida

Retrato de um pesadelo

Fiquei preso num buraco escuro e abandonado
Passei horas calado e chorando solidão
Pedi aos céus que jogassem uma corda
Até a respiração diminuir com abafação

Comecei a gritar - o óbvio deixava ser fatal
Aos poucos fiquei ajoelhado e perdido
Minha voz rouca já cansada sofria
E todas as esperanças sumiram

Toda essa aflição me deixou louco
Uma ânsia absurda me pediu a morte
Essa parecia a melhor forma de salvação
Era tudo angústia, medo, vazio e perdição

Em segundos começo a obter consciência
Me vejo caído no chão bastante eufórico
Da próxima vez eu juro que tento rezar
Este troço de pesadelo é uma droga, mãe

Puxa!

O olhar

Eu permanecerei no olhar. Sim, o olhar
Ela fitou-me sem querer. Mas lá estava: o olhar
O único daquela fabricação
Ela desviou a me ver tímido. E nunca poderei esquecer-me do olhar.
Que maltrato à minha sensibilidade! Deus
Não seria um pecado teu ter criado aquele olhar
Ela deve me achar um bobo. Subirei àquela vista distante
Nem que me despedace pela imagem
Do olhar

Aninha e Paulinho

Aninha é uma moça muito inteligente, humilde e meiga
Paulinho é um adolescente das ruas e não tem família
Aninha vive num casarão repleto de beleza e jovialidade
Paulinho vive nas ruas repleto de tristeza e maldade

Aninha conheceu Paulinho por meio de um toque
Paulinho conheceu Aninha por meio de um olhar
Aninha teve um arrepio estranho e rústico
Paulinho teve um devaneio a contemplar

Aninha foi chamada pelos pais, pois Paulinho era pobre
Paulinho se afastou, mas sentiu-se carente
Aninha o tocou nas mãos, encorajando-o a se aproximar
Paulinho se voltou àquele sentimento num impulso

Aninha recebeu com afago o garoto nos braços
Paulinho emocionou-se, mas teve medo de repulsividade
Aninha apertou mais ainda, apertou até quase despencar
Paulinho emudeceu-se, e nada mais pôde falar

Aninha foi arrastada por mãos grossas, imensas e rudes
Paulinho paralisou-se, e apaixonado se cruzou de joelhos
Aninha esbofeteou o homem, mas, facilmente, foi levada
Paulinho deitou-se à frente do carro para impedir a ida

Aninha viu que o motorista iria atropelá-lo e se espantou
Paulinho aceitou sair para ter o poder de tê-la em mente
Aninha foi embora, porém entrou numa doença psicológica
Paulinho não mais comia nem bebia, acabou adoecendo também

Aninha foi encaminhada a várias terapias comportamentais
Paulinho foi encaminhado a um hospital público
Aninha infelizmente enlouqueceu
Paulinho infelizmente morreu

Não mesmo

Não queira fugir, fique para uma nova temporada
Uma obsessão se é sepultada ao decidir em fé e desejo
Ainda que esteja aparentemente perdido sob a ilógica
O sonho grita vivo despedaçando o gelo e a tristeza do palhaço

Não queira perder, fique para um intento à vitória
Uma melancolia se é curada ao suprir-se de paz e empatia
Ainda que seja relativamente abandonado sob a ânsia da culpa
O dissabor maltrata a liberdade. Só você quem pode deixar-se ferir

Não queira complicar, fique para as surpresas e mistérios
Uma abstração se é firme aos dentes da alegria. Fantasie-se
Ainda que continue infelizmente possuído sob a tua ilusão feita
O subterfúgio existe por trás do pessimismo que te quer dissimulado

Poeira em andamento

Eu agradeço pela pequena penumbra da tua magnificência
Ao menos o refresco suave a que me propus seguir até então
Saiba: é com tamanha satisfação que abstraio tua existência
De tudo o mais pelos indícios maravilhosos do teu berço universal

Visto a tua sapiência uma virtude livre de maldades, dócil irei ser
Sei que em ti está a fonte de um leito honrável e digno às diversidades
Um espaço de vivências, experiências, relações, invenções, doações
A fazer a limpeza para o magistral culto das infindáveis surrealidades

Que a literatura me dê o perdão – sou uma chula poeira a passar pelos seus pés
Numa tentativa de exaltar eu limito o meu afago poético ao revés
Deixe seus dedos amassarem os princípios da minha estupidez, e prossiga
Todavia tenho crido mais além do que advém das tuas vibrantes fontes – despedida

Ops

Querida, cheguei
Saída, peguei
Esquadra, correndo
Estrada, seguindo

E agora, qual vento
Pistola, um momento
Perdoa que eu volto
Jamais me revolto

Obrigado, mulher
Seja como quiser
Dedos cruzados
Novo plano criado

- Esta história é conhecida, não?

Promessa de uma tarde

Amor, amor, amor, uma verdade quero expor: você hoje trouxe minha paz
Vi ao chegar em casa outro carinha a me refletir diante do espelho
E, amor... Era você quem estava longe, ou seria eu? Não, não, não
Éramos dois orgulhosos distanciados pela incompreensão

Foi-se o tempo como páginas brancas sem as tuas mãos a me acariciar
Para ser sincero fazia tempos em que nada tinha graça alguma
Quando teu cheiro teve que ir embora, estive um morto ambulante
Estar com você enfim ressuscitou a harmonia do meu semblante

Transcender ao infinito o meu mundo para alcançar-te a mim
Eliminar decepções e mágoas retornando ao contentamento
Concordando em crescer minuciosamente com calmaria
É a promessa que te faço com carinho nessa poesia

Internet Explorer

O tempo fez-me ver o quanto é ridículo ficar sentado por ti
Fazendo com que todo mundo se importe em tê-lo por perto
Tornando as crianças robóticas, sedentárias e sem inocência
Por tua culpa, o esconde-esconde se destituiu do cargo

Estou entediado, com muita raiva de degustá-lo tanto, seu coisa
Não há mais tratamentos, agora estou bitolado de vez
Mas deixe-me em paz, que eu ainda tenho o dom da oratória
Covarde, sem alma, general da tecnologia – talvez

Alguém ainda quer ir ao cinema, por acaso? Ou melhor, baixemos por cá
Alguém tem amigo que toca, brinca e sorri junto? Ou melhor, vamos teclar
Que tal ir dormir? Ou melhor, só mais um pouco mamãe, mais um pouco
Que tal ir à escola? Ou melhor, estudar corpos e vídeos obscenos

Uma realidade que dói por dentro de quem pensa
Se é que ainda podemos pensar, antes do download
O principal é olhar nos olhos, abraçar e falar sem fone
Hora de ir acolá

No crepúsculo das árvores

O corpo me cede conforme o toque
E as tuas mãos me envolvem
Nas circunstâncias, por trás da árvore
É estranho o que está por vir

Que petulância deixar-te ao chão
Enquanto eu me aqueço
Mas há uma chama em teu coração
Além do que eu mereço

De qualquer jeito, espero inerte
As ações do teu impulso
Seja imperfeito ou seja leve
Eu aceito este escrúpulo

Ciência em você

Quando o instante cria uma
Miragem a fazer-me imaginar que
Tudo irá parar por ali, tenho ciência
De que você está se aproximando

Quando os meus sentidos se
Concentram em foco, soltando
O tudo e o nada, tenho ciência
De que nossos olhos se encontraram

Quando o impulso traz a escuridão
Da vista e da razão, e penso estar
De frente a uma paisagem fantástica
Tenho ciência de que nos tocamos

E bem mais que isso

Quem cresce, reconhece

Tão logo te encontro em paisagens
Resgato o julgamento frio que te dei
Eis a dor de um homem passageiro
Que, por teu amor, guerreiro não se fez

O orgulho adoeceu os meus hábitos e
Em segredo descontrolou-me os princípios
Afastar-me de ti à cegueira do medo
Destruiu os bons valores dos sacrifícios

Peço-te perdão, porém não me lamento
Toda grande história tem sofrimentos
Está curada a minha consciência...
Remo, remo, remo – olá, decência

Pensamentos de Seu Zé

Eu exalo o perfume do sol
Já me definhando de cansaço
Sangro-me ao leito amargo
E suspiro num pobre espaço

Posso casar com a solidão
Para conhecer uma outra dor
Mas eu não volto mais aqui
Que ainda tenho o meu amor

Sento irônico no meu chão
Libertando-me dessa rotina
Sei que existe nesse mundo
O pobre que sonha, canta e rima

Afrodite

Lágrimas de guerra descem nas cachoeiras
E os golpes do vento enaltecem a queda
Quixotes galopam desvairados pelo campo
Em direção firme ao berço de Afrodite

Deusa, medusa do amor solitário
Não os ouça... Deixe-os desolados
Pois, não mais consolando os fracos
Estes serão para sempre seus escravos

Sois quem alucinastes aos céticos
oferecendo paz à maldição da miséria
Sois quem a humanidade muito espera
numa saída, num bosque, e numa janela

João

Deram-lhe o nome mais popular
Das redondezas do sertão
Sim, João!

Irá crescer e trabalhar
Bem no meio do povão
Sim, João!

Quem, um dia, irá chorar
Quando ele for pro chão?
Sim, João!

Garota de vidro

Garota de vidro
Reservada, tímida e sensível
Recostada num cantinho próprio
Ninguém sabe o que há por dentro
Garota de vidro
Inocente, simples e inflexível
Indeterminada a aceitar entradas
Ninguém a conhece pelo âmago.
Garota de vidro
Reflexiva, brilhosa e afável
Reinventa tudo o quanto viveu
Ninguém sabe a vitalidade certa que a
Fortalece os sorrisos frenético-enigmáticos

Ideologia em transição

Falo aos ares do meu país
Para seu grito exaltar
Mas só a voz do som
Talvez cá não vá bastar
Se vierem a ser contra mim
Saibam que venero a morte
E podem dizer: ele é louco
Que lhes digo: sou forte
Insisto em não ter épocas
Recuso datas comerciais
Insisto em odiar déspotas
Cuspo até os industriais
Quem quiser me transformar
Por mim
No que nunca serei
Assim:
Tão massa, tão modelo
Tão sutil e cavalheiro
Cairá no pior desprezo
Desgosto ou ensejo
De quem assume uma derrota
Eu sou homem, droga
O meu caráter é explosivo
Porém sincero
O meu limite é físico
Porém aberto
Às percas, aos danos
Às vitórias, aos planos
Eu sou mais do que penso ser

Lírios

Vem a menina caminhar até a mim
E o compasso harmoniza o clima
Que atenta o medo pela brecha
Some a vista ao brilho forte
Nas minúcias daqueles lábios
À velocidade de uma flecha
Um lugar nosso inventamos
Onde outrora deixamos
Ao despertarmos
Criamos o espaço que
Nos é íntimo
A paisagem e o paraíso
Em perfeições
Tudo dentro da nitidez
De um sonho

Por ti, exclusivamente

São tantas coisas me desapontando
Que eu custo a crer se você existe de verdade
Às vezes me belisco, quem sabe não é sonho
Mas o máximo que consigo obter é vaidade
Das vaidades mais inocentes que tenho
Você é a única que me invade completamente
O meu vazio não paira num círculo mas o ultrapassa
E, depois de você, desaparece pela tangente
O tempo e a razão a mim envolve e enlaça
Quando que, por revés de ser confuso, fico crente de que
Tudo o que eu sou hoje finalmente está equilibrado
Até mesmo a dor do passado se esvaiu
Sinto-me puro, querido e fascinado
Por ti, exclusivamente

O amor é, mas não é

O amor não machuca. O amor não ilude. O amor não despreza
O amor não sofre. O amor não fracassa
O amor não se esquece
O amor não mente. O amor não grita. O amor não teme
O amor não ignora. O amor não desiste
O amor não se perde
O amor é sempre. O amor é nunca. O amor é presente
O amor é suave. O amor é intenso
O amor é fluente
O amor é livre. O amor é forte. O amor é desigual
O amor é estranho. O amor é lenda
O amor é universal

- O amor é, mas não é
Se um dia eu souber, contar-te-ei

Nenhum sacrifício nacional

O mundo que eu conheço
Não vai além de drogas e sexo
Mas eu tô satisfeito
Que mais posso pedir aos céus

A ironia é uma arma
O silêncio me destrói
Sou um guerreiro frágil
E tenho pinta de herói

Vida, vida, morte
Morte, morte, vida
Vida, morte, vida
Morte, vida, morte

Quem vai me visitar
Quando eu dormir no cemitério
Que vão todos se ferrar
Quero é cair de algum prédio

Sei: ninguém vai impedir
Que um malandro se arrebente
Afinal, em todo o país
O pobre povo é indigente
e irracional

Este é o último baseado
De fatos reais entrelaçados
Violência contra si e também ti
É nada ou nenhum sacrifício
nacional

O último poema que virá

Tem de ficar de um jeito perfeito sem transparecer nenhuma insatisfação
Tem de brilhar além das estrelas, de todo o ouro, da luz na amplidão
Tem de cantar a todas as vidas, a todas as mortes, à imaginação

Tem de perder as partes incertas daquele antigo caderno rasgado
Tem de se ler não só com os olhos, pois todos os cinco estão lado a lado
Tem de entender a arte como arte, a crítica como crítica, o amor como fundamental

Tem de me vir e ver a mim mesmo por dentro, por fora, pelas laterais
Tem de partir os velhos conceitos, trazendo à tona os principais
Tem de iludir a minha mente brilhante com promessas de reconhecida eternidade

Brilhante

Nossa como você é espontânea
Engano-me tantas vezes que já nem sei
Fico aqui imaginando toda tua importância
Te gosto tanto que não consigo respirar de vez

Incrível - minha animação parece eterna
Se ao teu lado eu estiver
É imenso - tudo o que sinto é gigantesco
Por você, doce menina mulher

Enquanto juntos, mesmo que o tempo nos separe
Não a abandonarei, pois você é brilhante, flor
O sol que em ti encontro ilumina meu espírito
E há em cada olhar um novo universo de amor

Ponto

Há amor no universo. O universo é desconhecido. Desconhecer é ruim
Ruim é não amar. Não amar destrói o homem. O homem ama, logo é racional
Ser racional não garante a razão. A razão é um fator incerto. Quem é incerto
Incerto é todo o amor do universo. O universo se tornou pequeno. Pequeno sem amor
Com pouco. Muito pouco. Pouco. Ponto


Eu e você no singular

Olho dentro dos teus olhos poucos segundos
Antes que você interfira com timidez
Viajo na luz que vejo nítida - é encantador
Até parece que fica me vendo através

Minha cabeça gira, meu corpo contorce
Vou jogando meus braços entre seus ombros
O suor dos seus cabelos desce por minha face
E tudo que eu quero é afundar-me todo

O nosso beijo é o típico beijo da paixão
Penetra no espírito, na mente e no coração
A ponto de não se saber como o tempo será
E também de preservar eu e você no singular

E foi assim que lá ficamos.

Dócil orgulho de criança

Ah, o amor, quanto nos parece complexo
Será que senti-lo é pecado?
Atravesso os espelhos do intelecto
E imagino-o do nosso lado

Teu sorriso alarga-se junto ao meu
Seguindo num único tom de estar e ser
Então todo o mundo parece parar um pouco
Para apenas conseguirmos nos ler, ter e ver

Versos, mais que palavras
O meu orgulho de criança em sentir-te por aqui
Como uma chuva que bate no telhado em noites de medo
Como uma canção que arrepia nosso corpo e nos faz feliz

Outro amanhecer

A busca de um novo diário é forte
Estamos praticamente unidos
Dormimos e acordamos no bosque
Mas não somos selvagens feridos

Menina, sua história também é a minha
O nosso nome no palco sobrevive aqui
Minha mente só progride mais sedenta
Eu já perdi a minha vontade de fugir

A alegria contagiante nos deixa por cima
Tempo passa rápido e eu me perco em você
Uma garota muito além do que um clima
Que eu posso tocar, que eu faço acontecer

Até quando puder continuar assim antes de outro amanhecer
Daqueles em que vem o ceifador e destrói tudo
Estaremos de verdade existindo
Livres do claro e do escuro

E assim seja

Solitária ilusão

Cada palavra que eu digo transforma os meus pensamentos
Em alegria, em saudade, em tristeza e em momentos
Percebo que alguém está adormecido
E que este alguém indiretamente sou eu
Talvez não o "eu" de hoje, mas o "eu" de tempos atrás
Quando era simples passar pelas estações do dia
E achar quase tudo em seu devido lugar com harmonia
No ser ou no estar para o mundo todo e para mim
Num breve estado de virtudes e vícios assim:
Tão atraentes quanto perigosos
Tão distorcidos quanto sedutores
Tão vivos quanto amores e flores
Mas agora ocultos apenas cochicham o que é
Completamente indecifrável ao que me tornei
Portanto
Cada palavra que eu digo ou não
Transforma-me todo numa solitária ilusão

Poça de lama

Estava em minha casa olhando o mar
Ele parecia simplesmente tão belo
Tentei tocá-lo e desapareceu no ar
Acho que o desliguei do treco

Eu percebi a mim mesmo exausto
Depois usei os lençóis para me cobrir
Os meus dedos pularam fora e
Todo o chulo subterfúgio eu senti

Me tornei vazio e sai a passear
Encontrei uma poça de lama e vi Maria
Brinquei com ela e ficamos a nos melar
Agora era mais que poesia – era vida

Retrato de um pesadelo

Fiquei preso num buraco escuro e abandonado
Passei horas calado e chorando solidão
Pedi aos céus que jogassem uma corda
Até a respiração diminuir com abafação

Comecei a gritar - o óbvio deixava ser fatal
Aos poucos fiquei ajoelhado e perdido
Minha voz rouca já cansada sofria
E todas as esperanças sumiram

Toda essa aflição me deixou louco
Uma ânsia absurda me pediu a morte
Essa parecia a melhor forma de salvação
Era tudo angústia, medo, vazio e perdição

Em segundos começo a obter consciência
Me vejo caído no chão bastante eufórico
Da próxima vez eu juro que tento rezar
Este troço de pesadelo é uma droga, mãe

Puxa!

Em busca de fantasias

Quando começo a pensar
Retorno a uma velha estação
Em que corria pela rua contente
Vendo o hoje com minha imaginação

Era apenas um início
Por tantos episódios que viriam e virão
E já queria ser grande
Tentando mostrar sempre compreensão

Naveguei numa maré alta
Conturbada e repleta de erros
Até chegar o ponto em que pude entender
Que cair é uma maneira de reconhecer a si mesmo

Realidade - não tenho que ser o super-homem
Liberdade é expressar-se sem distinção
Verdade – quero viver dos meus sonhos
E conseguir convertê-los à razão

Superar medos e aprender a perder
É estar pronto para enfrentar de frente
A temerosa vida, as sinceras escolhas
E, por isso, enfim, sei somente

Que sou um pequeno garoto
Em busca de fantasias

Gigantes e insetos

Enquanto uns só comem “italianas e francesas”
Outros se alimentam de restos expostos ao lixo
Em qualquer lugar uma nova escravidão persiste
E eu ainda não faço nada, igual a você, cidadão

Gostaria de conversar com os bons fantasmas
Que morreram por suas pátrias em revoluções
E pedir ajuda para ser tão humano quanto eles
Em luta pela dignidade e pelas inovações

A doença do planeta tem capacidade de raciocínio
Mas destrói sem pensar e evapora por ganância
Lucros industriais, super carros, etc. - isso importa
A natureza sofre e se surpreendem quando há revolta

Os extraterrestres vivem aqui, possuem nome e certidão
Uns são super poderosos, são gigantes e falam por todos
Outros não, são apenas pequenos e sem direito de resposta
Conhecidos nacionalmente no Brasil como o "Povão"

Oxe, vamimbora' prá' São Paulo,
lá é 'mió' a vida e nós podi' 'trabaiá'...
Oxe, lá vai ficá' muito baum' párrente',
a famía' vai fartar' e as coisas vai' mudá'. (Fim da História)
- Desemprego/ Sem-tetos


Delta reciprocidade

Se eu não quisesse isso, não estaria persistindo
Mas para quê ligar, se for inviável
Ponderei sobre tudo - a minha parte foi concluída
Só que, e tu, andas fazendo alguma coisa

Quero ver mais reflexos, quero ver de vez
Para atingir em seu corpo um pouco mais de desejo
Mais adiante vou caminhar, mais adiante lá vou estar
E, quando eu acordar, ainda estará me observando?

Até breve – hora de recolher minhas coisas
Para cair de cabeça em um e outro esconderijo
Porque assim eu tornarei bem simples a doutrina renascente
Porque assim será espontâneo em ti o mais profundo dos silêncios

Melancolia de artista

Que proezas! Que tragédias!
Sou alguém afogado em peripécias
Cultivo a velhice da face em candura
Mas o silêncio é a minha única fortuna

Calado estou propenso ao soluço da estrada
Em luto pensativo cismo a vida das estátuas
Sempre ingênuo ao senhor Trapézio do circo
Confesso: estou rubro pelo tédio que sinto

Reprises e teses são os maiores furos do meu cobertor
O sol não alcança mais a sombra das minhas mágoas
Os pingos de luz são meus doces raios de amor
O barco sobe e afunda à onda nostálgica

Desço a escada - a noite brilha
Observo um galho e prossigo na trilha
Ligo insatisfeito a minha antiga vitrola
Enquanto percebo o orvalho com melancolia

Como um sonhador

Quero ir voando até a ponta do arco-íris e pular sobre o sol
Esperar anoitecer e mergulhar nas profundezas da lua
Depois me transformarei em gotas de chuva
E acompanharei outras milhares até cair no chão
Assim eu serei a terra do Terra e me manterei aquecido
Esperando renascer evaporado das águas mais belas
Que se refugiam preservadas para todos os sonhadores


Escritor

Meu órgão vital seduz conduzindo-me os dedos
Vindo pouco a pouco dentro de mim uma serena sensação
Fazendo-me lembrar daqueles muitos instantes que tive
Naquelas mínimas tarde por cima daquele velho prédio popular

Uma inspiração de um saber sobrenatural convicto
Como se eu soubesse o que fosse acontecer no amanhã
Faz-me acreditar que palavras são dóceis brincadeiras infantis
Quando as juntamos e transmitimos nosso querer até fica divertido

Muitos perderam a vontade de contar histórias
Desanimaram-se pela falta de oportunidade e incentivo
Mas não sabem explicar se perguntarmos a razão
O porquê de não escreverem apenas por seus espíritos

Elogios são sempre agradáveis, iluminam idéias e evoluem o inspirar
Críticas devem ser bem colhidas, nem todas se mostram amigas
Apesar de a força do escritor ter de refletir ao querido leitor
Cada um completa ao outro e é assim que nasce este amor

Que ofereçamos sementes de conhecimento
Que libertemos os bons anseios da arte
Que apresentemos o sabor de nosso deleito
Porque, depois que apaixonamos, adeus às regras

Quer odiar?

O ódio queima infinitamente o manto que nada reveste
Corrói o olho que nos identifica e o ouvido que nos veste
Enfrenta o racional, o eloqüente e a retórica altiva
Mata a morte, mata o homem, mata a vida
Quem por ele tristemente deixa ser influenciado
Convive dentro de si com o próprio inferno
Visto que é dos piores mares navegados
Seja em primavera, outono ou inverno
Quer odiar?

Minha angelical bebê

Quando estou contigo, meu interior concentra-se em ti
Flutuando sobre os ares uma sensação quase sublime
Como uma criança boba eu fico te reconhecendo
E, numa despertada meiguice, satisfaço-me

É esplêndida a extensa felicidade
Em instantes de contato entre almas
Um aquecimento estranho nos envolve
E, em magia, o que é impuro desaparece - Calma

[...]- E

Quando eu sonho contigo e acordo, volto logo a querer sonhar
Uma vontade incessante de ver-te mais uma vez explica o ato
Pois nosso tempo presente é único, mas depois é entristecedor
A tua ausência causa lágrimas que não são físicas, mas doem

Todo o infinito desejo de ter-te em meus braços
Colocando-a em direção ao céu, girando e rodando
Leva-me a ver tudo em ti completamente idealizado
E a saudade só me oferece provas inestimáveis de afeto

Passaram-se alguns meses, e aqui estamos entre não-aparências
Foram-se problemas ao adormecermos, vieram outros sem reconhecermos
Renasceram-se, encontraram-se, acabaram-se, voltaram-se, fixaram-se
Mas, ah, apaixonar-se é difícil – É tudo parte de um processo mútuo

[...]- Porém

Eu sei o quanto os teus estados invisíveis são especiais, e os conheço bem
Aprecio muito teu jeito de abstrair as coisas ao seu redor, e a entendo
E eu sei que nunca me arrependerei por nós dois, indubitavelmente,
- Eu te amo, minha angelical bebê!

Você é o paraíso que há tempos buscava para meu bem-estar
O labirinto impenetrável que conquistei espaço entre fantasias
A diferença na qual cedi minha própria índole sem evitar
- Eu te amo, minha angelical bebê!

E tudo o que meu coração pede, e aos prantos grita para mim,
É que eu vá ao teu encontro novamente hoje, amanhã e depois
Que assim eu possa dizer:
- Eu te amo, minha angelical bebê!

Quem disse que quero ser mais um?

Recolho-me numa terra não-encantada
Um pouco mais civilizada do que este lugar
Acordo-me todos os dias desencontrado
E não entendo o porquê de cá estar

Talvez seja melhor viver na utopia
Assim sou menos podre e superficial
Chega de tantos ismos e tecnologias
Quem disse que quero ser mais um mal?

Há pessoas que choram nesse segundo
O desespero aumenta a cada chance cortada
Pontes desmoronam e eles permanecem ultrapassando
Enquanto alienados ficamos mantendo toda a história parada

O capital é o Deus dos homens

O capital é o Deus dos homens
E o martírio é o seu sacrifício
Corroído procuro ter forças
Mas pareço tão inútil e perdido

A confusão global faz se esvaírem as virtudes
Em pedaços o ódio se fragmenta em escala social
Uma consciência incompreendida quer chorar
Porém o coração desolado não quer ser general

Precisa-se de um pouco de compaixão
Nós seres humanos precisamos valorizar o amor
Suplicar perdão, tornar-se humilde
De que ainda vale ser mais um orgulhoso?

Forças golpeiam as minhas crenças com blasfêmias
O afago está esquecido - não vejo mais por que sorrir
E talvez eu não saiba de que droga estou falando
Mas estou ciente do quanto é tudo meio sem sentido

Percebo naqueles cascos os piores deletérios
Bêbados e drogados caídos por aí são tão normais
A paz perdeu seu espaço, e a empatia anda morrendo
Assim como os anjos perderam os significados celestiais

A luz e o tesouro

Quando o sol brilhar na pontinha dos teus olhos radiantes
Busque na sua amplidão os meus lábios e os sinta junto aos teus
Ponha as mãos com força em todo o corpo, e pense que sou eu com você
Sem desviar a sensação vibrante, atropele os sentidos racionais
E goze por nós pela alegria em estarmos sintonizados
Livre-se de qualquer peso ou incômodo
Cante ao prazer o quanto é felicíssima em despir-se de tecido
E vestir-se de sonho
Faça o que lhe vier à alma, e esteja certa de que estou por trás do arco-íris
A refletir instantaneamente o teu amor como um tesouro dos sentimentos

Quando eu me lembro

Quando eu quero sentir paz
Lembro-me da leveza do teu toque
Quando eu quero me alegrar
Lembro-me dos teus reluzentes olhos

Quando eu estou triste
Lembro-me que te tenho comigo
Quando eu estou com raiva
Lembro-me que você me faz contente

Quando eu estou confuso
Lembro-me de escutar tua voz
Quando eu estou cansado
Lembro-me de descansar te abraçando

Quando eu escrevo qualquer coisa
Lembro-me das tuas características
Quando eu sei que estou devaneando
Lembro-me do controle da tua imagem

Quando eu me vejo desacreditado
Lembro-me de que você me crê capaz
Quando eu me posto infantilizado
Lembro-me do teu jeito de pequenina

Quando eu estou com uma repentina tontura
Lembro-me de você segurando minhas mãos
Quando eu me entendo absolutamente aéreo
Lembro-me da ciranda que te faço nos braços


O preço de uma índole

Por mais que ainda respiremos nosso patético ar
Dominando o planeta e o tratando como objeto
Superficiais serão nossos estudos científicos
Porque nossas ações são simplesmente vazias

O homem rico estabelece uma ligação de poder
Enquanto o menino pobre sofre total submissão
Os militares são julgados irresponsáveis por errar
Mas todo o sistema é uma notável contradição

Os sentimentos estão se diluindo em materialismo
E a prostituição física ou mental está em evolução
Estupros estão mais freqüentes, suicídio é comum
Sexo é só divertimento e etnia determina posição

Uma infeliz cidadania que se restringe explicitamente
A população se retardando com notícias na TV
Experiência de certificado por meras demonstrações
Trabalho perdido e suor demasiado entre eternas ilusões

O suporte para a esperança é pesado demais
Carregá-lo todos os dias nos cansa absolutamente
Escola, vestibular, faculdade, será isso educação
Não entendo por que o juiz matou o cara da loja

Próximas estações

Jovem eu sou, sem rugas nem cicatrizes do passado
Conservando expectativas para a próxima estação
Reservo a mim toda uma coragem que não se descreve
Meus particulares cuidados de próspera determinação

Porque eu sei o quanto serei assassinado nas ruas
Contrariado por meu acreditar, queimado até na pele
Como também sei o quanto sofrerei tentações mundanas
Distorcendo minha ideologia, acabando-me sem a intenção

Quem sabe eu aceite ser servo humilhado e excluído
Quem sabe eu seja usuário de sarcasmo do lado de cá
Quem sabe eu queira um futuro inteligente, e antes morra
No céu, no inferno ou no nada se esquece o tempo. E você

Rosa murcha

Pétalas se desfazendo frisam o nascimento do final
Põe-se à vista o que nem se quis contar há milênios
Impulsividade no comando solta rédeas de asno e
Agouros de outros martelam pregos da mente

Espadas recortam das memórias os velhos vermes
Ouve-se o mastigado violento de destroços
Flechas de todos os lados derrubam o reino
Correndo desesperado, o ego morre em mim

Uma camponesa enche-se de lágrimas montanhosas
Os anões tocam flauta para simbolizar vitória
Fadas desconhecidas envenenam os selvagens
Centralizada está a rosa murcha, e acabou

Vegetal de sangue

Dias ruins, o respeito pelo medo
Feras espalhadas no paraíso
Ambiente em chamas nas florestas
E animais extintos são imprevistos

Culturas estão sendo encobertas
Ação-reação - a ocasião da década
Monstros em formato de cientistas
Fabricam mais mistérios de métrica

Salvem-se quem puder
Chegou o aquecimento global
Escondam-se, abaixem-se
Cada revolta será fatal

Mas a natureza precisa viver
E nós ainda temos que morrer
Pelo vegetal

J. C.

Das profundezas renasce o grande ser
Campeão inatingível do ilustre mundo interior
Ele se profetiza como numa só família
Convence em parábolas um ideal de eternidade

Sua Palavra nos acolhe, protege, e ressuscita
Falhamos para satisfazer os nossos instintos
Mas nas posteriores aparições de desenganos
A miragem se é esquecida - então entendemos

Nós somos o pecado. Por que dizer não
Fomos transformados pelos espaços rotineiros
Nós queremos o prazer. Por que omitir
J.C, desculpe-me, fale comigo

Poesia de ontem

Eu pouco sei sobre quem é
Mas muito já pressinto do que será
Um tanto menina, um tanto mulher
Talvez no novo devaneio que me virá
Logo cedo - no despertar de um sonho
Logo tarde - bem ao nascer do sol
Logo noite - andando num só caminho
E quem sabe por baixo do meu lençol
Antes de dormir, ver você mais perto
Como alguém que importo apenas ou não
Sem mistério, sem truque de léxico
Por uma amizade ou por uma louca paixão
Que nem mesmo eu sei se poderia
Ser de outra forma, sendo que
Possui algo fantástico dentro de si
Que me toca a mente com maestria
E faz do imprevisível poesia

Joaquim Maria Machado de Assis

Pobre e pequenino aspirava bons ventos na chácara de nobre parente
Não era miserável, mas já se via mortificado no caiporismo pseudo-social
Fugiu prisioneiro ao intelecto, destacando-se em um jornal fluminense
Oh, palmeirinha... Sábio aprendiz! Lá estava a raiz da formação cultural

Crônicas, crônicas, crônicas, pouco de cada cousa, maturidade
O homem normal não é feliz! - Baba de Caim, cuidado! Ceticismo
Popularizou-se o Machado, Assis de renome e atitude, 1880
Bondade dos brancos ao próprio sarcasmo, “humor-mulato-irônico”

Abolição da escravatura - melhor comentar nas entrelinhas
Monarquia e República, o que seria ou não certo
Ah, amada pátria! Instabilidade, suporte, suporte, su...
Nem deixou filhos, morreu sem padre, literatura aplaude

Mensagem de Natal

Papai Noel é aquele miserável ser humano que
Para se fazer de bondoso é solidário nesta época do ano
Satisfazendo, assim, um bendito ego de humildade
Porém, sinceramente, desejo que tenhamos mais papais noéis
Há muitas crianças sem esperança querendo o poder de sonhar

Seja um Papai: amai os vossos pequeninos
Seja um Noel: flutue pela idolatria do céu
Seja você: toque o sino da compaixão; use a estrela
da liberdade; faça a ceia da fé; revele-se a quem de ti precisa

Num piscar de mãos

Recebi as tuas reclamações
Numa tarde que o sol não existiu
Esperei o abandono do espírito
Porém nada em mim se esvaiu

Pensei ter lido a tua mente
Num segundo menos inconseqüente
Sobrevoando os teus devaneios
Pincelando com os nossos desejos

Num piscar de mãos

Falta de inspiração

As letras estão sumindo de mim
Punível sensação de aprendiz
Que sequer tem algo de especial
Por alguns bons trechos que fiz

E aos que me acham genial
Afirmo ser coisa de sorte
Deveriam se calar
Que é esporte

Demore a vir mesmo, que eu aprendo a valorizar
Querida e idolatrada poetisa que ilumina o verbo amar

Seu porteiro

Porque toda manhã
Eu me visto empregado
Pego o ônibus cedo
Vou ao velho trabalho

Faz quase vinte anos
Que a porta eu não deixo
Que coisa mais idiota
Que demais cuido e vejo

Mudaram o meu nome
Sou o Seu Porteiro
Só volto à minha casa
Pra cuidar dos meus filhos

Sereia

Vasta como as cachoeiras, suave como o orvalho
Néctar de todas as friezas, mística do orgasmo
É viscosa a sereia dos reclames alucinatórios
Na lucidez dos insensíveis lamentos compulsórios

Centenas de anagramas iludem o seu propósito
Elabora-se o realístico, saram-se os relógios
Numa tríade de subjetividade:
Amaríssima, fria e intocável

Veta-se à congruência da eternidade
Externada aos privilégios dos detrimentos culturais
Transcende a erudição, sacudindo a impaciência
Reparte os líquidos em doses ressurgidas

Ínfima, nebulosa, é lívida a tontura dos aventureiros
Eles se afundam em tantas pragas, que são deprimentes
Cultuam dilemas e emblemas, navegando inconscientes
Lendários náufragos que adormecem para sempre

O meu desejo

É ter respeito que recusa intenções estúpidas
É ter atitudes simples e não caridades
É ter conceito que equilibra os paradigmas
É ter virtudes concretas e imutáveis

É receber despeito ou tipos de ciúme
É receber inveja, mas estando imune
É doar sem somar reciprocidade
É doar humildes sinceridades

É ser humano humanamente
É ir amando amavelmente
É ser aliado aos viventes
É ir à batalha em frente

O meu desejo é mais ou menos isso, mas claro:
Ele nunca para de aglomerar e aglomerar-se

Rabiscos de revolta solitária

Esta doença atormenta o meu caminho
Vou desviando e contornando o coração
Por onde passo, sou chamado pequenino
Mas como eu fico se desconheço a razão

Não pense logo que eu não tenho sanidade
Não me rotule, não preciso dos seus padres
Pois mesmo triste, busco as minhas verdades
Filosofando humilhado só por mim... Por mim

Ninguém virá me abraçar, levar-me ao fim
Ao fim da dor que se descansa em mim
Ao ultrapassar os meus dias antes sociais
Perdi o ego dos meus tempos tão iguais

Alucinação

Do anúncio:

Franze o aposento aos demais
Com presas miúdas e atemporais
Defronta e se capta nos terremotos
Nas dunas se tinge e fecunda aos remotos

Apalpa lobos, colore o jardim
Cerca nevoeiros, vestindo cetim
Rompida esbelta, a sombra confronta
O que alvoroça os pardais pela zona

Ela se reserva entre obscuros planos
Que são eminentes dos punhais profanos
Num ato espalhafatoso, é breve o reboliço
Das testemunhas distraídas desse precipício

Sem pudor, aviso ou qualquer vergonha
Vinda dos vermes latentes, enfadonha
Encravada como gramínea, apetece
Instigada naquilo que perece

Sedenta, pálida, encarnada e hostil
A alucinação me é sóbria e sutil

Vende-se uma criança

Vende-se uma criança
Credita-se um sonho
Promete-se esperança
Ao homem mais tristonho
CANDIDATE-SE
Quem se interessar
Não precisa telefone
Basta as ruas olhar
Os pequeninos da fome
VIDA A VIDA
Distante mas visível
Sempre triste-imprevisível
Carece o molequinho
De atenção, lar e carinho
LIBERDADE

Depois de correr

Esqueço-me por ter uma legião num só corpo
Fantasio além, dissimulo o esboço
Consigo-me o afeto bem melhor do que o ódio
Extasio aquém, consterno o pódio

Na chama que estimula o cerne da minha carne
Há dor adormecida e "anserreceios" eróticos
Na selvageria do reino que consagra a lápide
Descubro segredos nos devaneios prosódicos

Veloz, lenta, inconstante: a mente, principal amante,
Pede criminosa a escabrosidade contínua e petrificante
Do excepcional inexistente que me faz engolir inclemente
O inclassificável prazer de não resistir, depois de correr

Paz e Satanás

Eu quero ir ao inferno
Buscar um pouco de paz
Desiludir preconceitos
Com o senhor Satanás

Suicidar nosso mundo
À metamorfose de si
Como híbrido fecundo
Fazer teorias cair

Cessar guerras de vez
Compartilhar a empatia
Erguer bandeiras cortês
Numa terra de alegrias

Brasil Maconha

Sou amigo de ninguém
Só brinco no além
Tentei entrar no jogo
Acabei num fundo poço
Aliei-me ao diabo
Cedendo à sociedade
Perdi o meu status
Senti a realidade
Resolvi me desgraçar
Comprei veneno e tudo mais
Assassinei a minha alma
Perdi enfim a ninfa paz
Nada existia de belo
Satisfação era sarcasmo
Evolução de um feto
É a solidão do acaso
Assim usei maconha
Baseado na vergonha
O resto veio depois
Como feijão e arroz
Por ser homem infeliz
Nesse tão rico país

Lá amor há

Eu a encontrei num ninho de palhas
Vestida de ave, eu a vi por lá
Ela estava caindo e subindo
Sofrendo e tentando, aprender a voar
Então me disse em palavras mágicas
Que as idéias trágicas não moravam lá
Que o meu peito seria o seu leito
E que a solidão iria acabar

Não permitido

O meu caminho não é permitido
Há interferência familiar nisso
O sol deixou de ser bonito
A lua me condena à um precipício
O próprio tempo se tornou meu inimigo
E tudo o que faço é esperar o que nem sei
Exatamente
Tudo que faço é atravessar as ruas como num trem
Descontroladamente
Tudo que faço é nada - sem este sentimento, vegeto
Mas tenho alguma força oculta que está bem funda no leito
Da suficiência para transbordar e sair enfrentando o universo
Ela só precisa ser liberada, e eu descobrir a usá-la a meu favor
Sem magoar a quem me é especial, sem ter nenhuma atitude superficial
Para finalmente prevalecer e seguir adiante na minha própria história de vida

Musa medieval

Aceito a dor em amar-te
E ser desprezado à Marte
Não me é coisa agravante
Que desagrade ou espante
Sou seu escravo-bandido
O animal preferido
Na coleção disperso
Ao olhar que destrói
O pouco que me fizesse
perder
Os desígnios da tua
atenção
Poderia enviar-me ao
inferno
No abismo da pior
depressão

Mocinha que precisa se amar

Então minha situação é rejeitada
O meu gostar está em constante abandono
Enquanto eu costuro os anos e as marcas
Você me deixa dor depois dos sonhos

Eu lhe encontro
O meu coração pulsa até a lua
E os meus pés bambos me entregam
Como dissessem - não nego, sou tua

Mas até quando serei de tão fraca atitude?
Onde vive o meu amor próprio?
De tanto pensar, eternizei isto mesmo?
Não, não, não há segredos!

Resta-me esperar algo novo ou não
Já que esperar é como furação
Pode trazer o pior e me destruir
Ou o melhor e me iludir

Sei não
Eu quero sair dessa
Pois nem sou mais muleca
Vou buscar outra bandeira
E levantar o meu sorriso
Na altura dos astros
Da magia e do paraíso
Gritando enfim:
É só o meu amor que preciso!

Ser humano

Superior ser existente
Único animal consciente
Rei da natureza total
Criador do bem e do mal
Quem mais
Templo de todo raciocínio
Possui o poder do fascínio
Engenheiro universal
Sistemático individual
O que mais
Mentor do mundo, aprendiz de si
Mentor de si, aprendiz do mundo
Aprendiz do mundo de si
Aprendiz de si do mundo

O princípio

Era uma vez, no princípio
O nascimento da vida
Fez-se berço o planeta
numa paz colorida
Sublime tempo distante
Em que Deus tinha pé
Trouxe aos milênios avante
O deplorável revés

Florentina dos campos

Uma menina. Dez anos. Sem-tetava.
Florentina dos Campos. Sonhava.
Acordou-se. Confusa. Chorava.
A quimera. A rosa. Acabava.

Gás carbônico

As velhas margens estão sujas
Pelas selvagens corujas
Que fogem dali

E as imagens corruptas
Da humanidade
Ficam por ali... Bem aí

Viva à morte! Viva à sorte
Adeus consciência

Às novas mães

Nuvem amarela
Tu que estás a anunciar
À minha janela
Uma nova vida a chegar

Eu te agradeço
Com o vento envio beijos
Por esta esperancinha
Que me revive os seios

Então...
Vou trocar de roupa
Me banhar sem pressa louca
Porque sou mãe vaidosa
E agora tenho duas vidas a cuidar
E
Vou abraçar as árvores
Pegar borboletas com os dedos
Pular devagarzinho e agir com carinho
Jogar fora o cigarro, a bebida e os desvios
Que eu serei mãe

ABC do Brasil

Que as crianças repitam comigo o abc do Brasil
Que o nosso hino seja compreendido finalmente
Que a escravidão mostre sua cara na atualidade
Que o país se torne um pouquinho mais decente

Que os índios sejam o símbolo ao invés das estrelas
Que o futebol não defina outros esportes pobreza
Que o capitalismo exista, mas somente nos papéis
Que a violência se acalme, para encontrarmos anéis

O analfabeto não é de simples letras, é de formação
O Aurélio não é um velho besta, é construção
O Machado não é retardado, é invenção
O pai do céu não é interferência, é padrão

Somos responsáveis pelo todo, somos ação
Somos discutíveis ao senado, somos nação
Somos a divisão política que foi esquecida por quem controla a situação
Somos poucos - muitos precisando de apoio numa sala crítica de espera
Somos poucos – muitos precisando de apoio numa sala crítica de janelas... Fechadas

Tanto que agora eu bem sei

Tanto que pensei sem nenhum segmento
Tanto que guardei dos meus sofrimentos
Tanto que neguei ser um homem que sofria
Tanto que fiquei com as mais tristes poesias

Tanto estava errado que escondia no espelho
Tanto podre estado que dizia ver perfeito
Tanto procurava qualquer prazer imediato
Tanto esperava das mulheres o sexo

E agora eu bem sei que tenho a direção
Que aquilo que eu fazia era imaturidade
E agora eu bem sei respeitar o coração
Enquanto eu crescia, suspeitava da verdade

Outdoor

Por que tanta exposição de ideologias
Há quanto tempo se estuda política
Em qual partido está a andorinha
Quais retratos têm mais carisma

Por que só ficamos por baixo ouvindo
Há quanto tempo revoltas sentimos
Em qual dia nós não aplaudiremos
Quantas vezes nós ainda cederemos

Linhas ou entrelinhas

Quem conta a história promete a memória
Do que se lê, do que se viu e se foi às ruínas
Vêm metáforas, analogias e outros recursos
Que podem ou não ter senso de
verdadezinhas*
O fato é que nada pára nas linhas ou entrelinhas
Há mais, bem mais, aliás
No baú dos tempos estão preservados
Esconderijos, mitos, prisões e esquecimentos
Onde as gavetas são, ao mesmo instante, sujas e limpas
O fato é que nada pára nas linhas ou entrelinhas

Planeta da paz

Não há diferenças
Não há doenças
Não há violências
Não há indecências
Não há desprezados
Não há escravos
Não há preconceitos
Não há pecados
Enfim nasce o planeta da paz
Nesse lugar sim são sociais
Lá enfim se prevalece a fé
Só falta descobrir onde é

Oração final

É pena, se existir apenas
Estar morrendo sem crer
É pouco abaixar o rosto
Este veneno irá me ter
É riso, se der suspiro
De perdão no final
É espanto, se der pranto
De uma fé imortal
Dar a Deus o adeus, dar a Deus o olá
Olá adeus, adeus olá, olá a Deus, a Deus olá

Como se fosse em nosso jardim

Se você vai embora
Rasgue as cartas melancólicas
Que lhe dei e que lhe fizeram ser assim
Se buscar-me na aurora
Pensando estar dentro da brisa
Cante aos ventos a nossa cantiga
Como se fosse em nosso jardim

Palhaçada de ator

Sei de quem é a culpa da infelicidade
Sei da saudade que invade a apatia
E do sabor do dissabor que me fazia
Sei de tudo, sei de nada
Absurdo é palhaçada de ator
Sei o que é mentira de olhares
Sei do universo trôpego dos sopros
E dos trajes, das sementes, dos pares
Sei de tudo, sei de nada
Absurdo é palhaçada de ator

Tristeza, moça dos meus anseios

Tristeza que me aperta os olhos com força
Discreta flor escondida
Eu devo e não posso, moça
Carregar-te esquecida
Se eu passar perdoado por alguém
Pelas armadilhas que irei cair
Ficarei muito querido também
Mas, contudo, procurarei a ti
Dos meus anseios és o lado que preciso sem querer ou saber

Nenhuma palavra foi dita

Nenhum sofrimento
Defendemos
Nenhum lamento
Tivemos
Nenhuma palavra foi dita
Nenhum futuro
Planejamos
Nenhum devaneio
Inventamos
Nenhuma palavra foi dita
Nenhum de nós se conheceu
Nenhum de nós se procurou
Nenhum de nós existiu
Ainda
Nenhuma palavra foi dita
E por enquanto acabou

Feito de sentimentos

Como beber de água salgada
Insano desesperado
Naufrago nos seus lábios
Silenciosos de mulher
Intocada mas ardente
Protege o traje
Insinua inconseqüente
Que pareço um traste
E daí que eu me importo sim
E sou feito de sentimentos

Do tipo demente

De muito chatear, andou preocupado
O cara do azar, o cara acabrunhado
De muito desandar, ele despencou
O cara que se via nas mentiras que falou
O inconstante dissimulado dos amigos
O desgosto escuro de sua família
A influência destrutiva em sociedade
A identidade sem propriedades
Rapaz adolescente do tipo demente
Odeia o mundo e toda essa gente

Sarcasmo do ser

Nunca tinha feito isto
Ser alguém tão consigo
Brincar tanto comigo
Ser meu comum inimigo
Nunca tinha visto isto
Um plural tão singular
Em desilusões dividido
Num esquecer de como amar
Ainda persistem em dizer
Que sarcasmo é idiotice
E insistem em saber
Do que eu nunca disse

Estória de prazer

Que tal segurar os meus dedos
Sem repulsa, sem receios
Querer um pouco de mim
Sem princípios ou fins
Que tal abandonar o ego
Sem orgulho, sem miragens
Querer vir comigo à minha casa
Sem conversa, sem bobagens
E vamos descobrir juntos
Sem compromisso, sem indícios
Como é esta estória de prazer

Estratégia a dois

Não, não é possível
Oh, meu bem, eles vêem
Acalme sua paixão
Oh, meu bem, escuto passos
Não, não devemos
Oh, meu bem, compreenda
Controle a situação
Oh, meu bem, tenha cuidado
Comparemos...
No passado, partiria de carícia leve a um beijo
No presente, aplausos a quem não pensar em sexo

Olhos adormecidos

Dorme, minha linda
Que é bom vê-los fechados
Os seus olhos descansados
Enaltece no repouso
Que é pra eu admirá-los
Os seus olhos levantados
Oferece o inconsciente
Que é pra inexplicá-los
Os seus olhos serenados
Olhos de quem se suspeita
Única fabricação perfeita
Olhos de quem se clama
Na escuridão, na chama
O despertar

Sentimento viver

Falta recuperar as datas que eu deixei cair
Nas estradas, nas matas, no horizonte do existir
Porque ter maturidade não é passar pelo que fiz
Negando os erros, os desenganos, os princípios que parti
Falta aprender, superar e vencer os meus limites
Na arte, no espaço ou no cronológico universal
Porque ter dons não é brincadeira para esnobes
Parando com finalmentes, nada haverá de genial
Eu sou demais por amar o amor e ser amante
Em tanto querer o que me traz o meu calor
Que assim é maior o sentimento viver

A noviça

Louco, demasiadamente louco, com atestado policial
Bato aquela porta de madrugada sem expressão facial
Grito o seu nome totalmente descontrolado de mim
Acordo a cidade, as beatas e os padres dali
Ninguém compreende. Chamam-me maníaco, demente, doente
Nem mesmo ela me defende... E dessa maneira transbordo
Desesperado, cansado, abatido, levam-me preso ao mesmo
Prédio público, sujo, consumido pelos que se dizem ébrios
E eu sempre pulo aquele muro, noviça para novamente buscar-te

Cálices

Brindo ao genocídio dos índios
Brindo ao sangue de Cristo
Brindo às revoluções industriais
Brindo às guerras mundiais
Brindo à AIDS na África
Brindo à fome na Ásia
Brindo à política nacional
Brindo ao aquecimento global
Brindo aos Estados Unidos
Brindo ao analfabetismo
Brindo às riquezas exploradas
Brindo às belezas prostituídas
Brindo às fontes primárias
Brindo às facções terroristas
Brindo às religiões partidárias
Brindo às razões escondidas
E brindo principalmente ao sarcasmo
Que é quem toma todos estes cálices

Sorrisos quebrados

De tantos amores e tantos distúrbios
Que o âmago mental difamava
Debatia-se na estrada
Como se estivesse num dilúvio
Sua visão era clara
Ele sabia onde estava
Mas não queria sorte
Pedia mesmo era a morte
Frias gotas de sangue banhavam-lhe o corpo
E toda a agonia passava com sorrisos quebrados

Não preciso querer ser herói

Se eu faria, você me pergunta
Todos os crimes, todas as lutas
Tudo que houver de bom, de ruim
De perverso, eu faria sim
Por você
Eu me descontrolo
Toda vez que me vê
De pele vermelha
De corpo excitado
Fecho os lábios
E reprimo o sabor
O sabor de você
Minha linda, menina
Vem comigo, não vai assim
Minha linda, pequenina
Fica perto por mim
Que eu mereço mais, você sabe, amor
Cê sabe que é difícil partir sem um pouco de carinho
Cê sabe que é difícil fugir se eu não tenho caminhos
Tudo, tudo, exatamente tudo
Com você existe, sem você é pó
Pó que se joga e pó que explora nós mesmos
Eu não preciso querer ser herói, que eu já sou por ter você

Menino-rei

Hey, hey, hey
Hey, hey, hey
Eu vi mais uma vez
Um daqueles leque-rei
Que ficam pelas pistas
Fazendo um pobre circo
E então eu perguntei:
Menino-rei que sobe a avenida
O que cê faz por aqui
Não vai dizer que tá querendo briga
Tenha cuidado, meu fi...lho
E ele respondeu:
Oi, seu moço
É nada disso não
Acontece que tô atrás do pão
Já me acostumei
Vê se não dá trela
Que eu odeio suas instituição
Ah, ah, ah
Ah, ah, ah
Sem acrescentar nada, nada, nada
Pus o pé no acelerador
Fui assistir beatles no DVD
Enquanto o arcondicionando regulava o calor

Eu gosto e tenho prazer

De cima dos teus cílios, há uma ponta de sarcasmo interessante
Quando me aproximo e tento interpretar o que diz
É intrigante
Não que eu não consiga, sim por ser querida
Mesmo tão esnobe, tão de espírito pobre
Eu gosto e tenho prazer
Talvez deva me internar num hospício
Acaso os novos anseios me cuspam com desvios
Alias já me cuspiram
Mas eu gosto e tenho prazer
Sei que é rude, estúpido, fugaz
Estar apaixonado por um alguém como ela
Que de muito orgulhosa se estraga e o afeto dilacera
E daí que eu gosto e tenho prazer

Amplidão

Não há sentidos ou feridos
O que há é direção
Pequenas trilhas, longas estradas
Quem segue junto vai brincando
Vai sorrindo, vai cantando
Quem segue só põe cara feia
Resmungando feito besta
E esta amplidão é maior do que o maior coração
Tem lugar do pior ao melhor
Ser humano que pisa ou pisar nessa Terra
Esta amplidão é a própria cultura
Da paisagem à escultura
Da bondade à luxúria
Da poesia ao amor

Vontade

Vontade de sair de casa
De fumar cigarros
De beber até despencar
Vontade de me perder nas drogas
Nas drogas do mundo
Que não são vendidas
Vontade de dormir na pista
De ser atropelado
De ficar sem cabeça
Vontade, só vontade
Uns segundos de bobagens
E depois passa e vêm outras
Vamos lá

Suco de laranja

Gosto de suco de laranja
Com gelo ou sem gelo
Apenas suco de laranja
Amargo, doce ou agridoce
Não interessa
Gosto de suco de laranja
Quem não gosta, coma banana
Bananada em Copacabana
Visite as maravilhas e escale montanhas
Descubra o gosto que se tem
Mas pra mim não interessa
Eu apenas
Gosto de suco de laranja

O amor

Eu sei o que é amor
Amor é um sentimento
Que...
Eu sei o que faz o amor
Amor faz com que as
Pessoas...
Eu sei quem inventou o amor
Ele surgiu do desejo
Dos seres mais...
Eu sei o que é, eu sei o que faz
Eu sei os seus princípios e finalidades
Eu sei e sinceramente qualquer bobão sabe
Mas é muito particular pra se contar por aí

Primeira viagem

Mamãe tinha medo de avião
E meu pai parecia viver nele
Eu no cantinho da janela
Via a luz azul dos filmes
Ao subir, muitos olhos fechados
Nem perceberam meu ato
Meu ato de espionar os decotes
Da vizinhança até que...
Com dez anos, a minha primeira viagem
Foi um conto erótico de exibicionismo
Tinha uma sádica lá, eu acredito
E ela não havia adormecido

Fica bem

Quando eu chamei o teu nome, naquele dia
Pensava que encontraria a mulher-alegria de sempre
Mas como dizem os limitados racionalistas
O sempre acaba sendo sempre do futuro ausente
Um esboço de riso disfarçado, dissimuladamente
Pairou no teu semblante choroso ao responder
Quis me cumprimentar contente e decente
Pena que eu não caio fácil no simples ver
Fica bem, eu disse, e que seja até o fim
Fica bem, eu disse, e você me disse sim

Ratos

Os animais os quais criamos são tão discriminados
Droga – Não me conformo! Qual problema com ratos
Os animais dos quais vivemos são tão explorados
Droga – Eu me importo! Os palácios são dos ratos
Deixemos que eles tenham dignidade
Deixemos que eles venham à sociedade
Deixemos que eles sejam os seus heróis
Deixemos eles todos como nós
Por que ter medo, senhor
Se o nojo é vosso
O seu poder, doutor
É o existir dos ratos

Insólita vida

Revitalize os pedaços
Que restarem à tua moral
Desvie-se dos acasos
Que te fizeram algum mal
Prossiga: Faça jus à arte
Progrida: Parta a sua parte
Reencontre o berço
Peça um novo registro
Resista ao medo
Despreze os riscos

Complexo

Eu associo os seus seios ao meu leito
Eu associo, mas sou muito ingênuo
E os seus ombros ao meu porto
Eu associo, mas temo
Reverencio a sua inocência
Se é que a tem
Entenda
É complexo

Telas de você e eu

Padrões impostos a limitações superficiais
Conjuntos flexionados de policiais
Termos seguidos de vários predicados
Entendimento-lei tão bastante fraco
Formas e modelos a serem adaptados
Percepções defeituosas
Extras e segredos a serem contados
Divagações minuciosas
Testes provados de ausência-saúde
Plasma dedilhado como alaúde
Talentos jogados às feras
Na droga da TV, nas telas
De você
E eu

Caliban

Cometeu latrocínios em tardes escuras
Cometeu suicídios com a alma nua
Cometeu os piores lapsos propositais
Contra ele eram os banais
Cometeu terrorismo no universo
Cometeu logicismo maquiavélico
Cometeu abalo sísmico interno
Contra ele era o inferno
Sem feridas da carne,
Só destruição total
Do espírito
Do bem e
Do mal

666, 999

Uns saem, outros entram
Mas permanecem o anjo e o diabo
A cochichar eles nos prendem
Por dentro de cubículos criados
666, 999
As armadilhas se colidem
Em meros golpes e galopes
Se fabricamos vacinas
Eles se unem mais fortes
666, 999
Incesto de leis e contratos
Repleto de gozo e pecado
Somos imortais de qualquer jeito
De qualquer jeito, de qualquer jeito

Eterno outono

Nada de fatalidades
Foram somente peripécias
Para que sinceridades ao que chamam de floresta
Está queimando... Está ardendo
Mas e daí... Por que ela deve resistir
Quem se importa com o verde que perece
Se não for dinheiro, depois se vende e esquece
Eu já parei de imaginar como seria preservar paraísos
Eu já parei de sonhar em como iria subir, subir
Porque é fado de Sísifo

Somos amantes, isto diz tudo

Se eu disser o que reservo
Será trágico demais
Não que eu queira nosso mal
O problema é o que retrai
Não há sentido no futuro
Se o presente não for eterno
Não há direção lá adiante
Se não tivermos o passado
Ser previsível é estúpido
Somos amantes, isto diz tudo

Árvore

Sim, companheiros, nós temos de declarar
Outro coração a quem nos deu a vida
Com nobreza condecorar com fervor
Saindo de modéstias e despedidas
No ciclo vital, somos ferramentas
E a mágica é da natureza mãe
Perfeita de doação e sensibilidade
Deusa da terra e da existência
Toda mulher é uma árvore
E o seu fruto são os seres humanos

Neutro

Intermediário das coisas
Põe os quadros no lugar
Não contradiz as regras
Fala sem nunca reclamar
Vive livre de opiniões
Cala-se às sugestões
Não acena, não discute
Nunca comenta o que curte
Ele é neutro e foge de platéias
Porque odeia alcatéias
E gosta de silêncio

Pétala branca

Reage, oh pétala branca
Colide as ligações negativas
Lidere o erguer das lanças
Comemore as vitórias perdidas
Liberte-se daquilo que pesa
Floresça antes da primavera
Exale o perfume empático
Mova o exército estático
Pétala, pétala branca
Mesclada em porcelana
O meu poema lhe canta
Para que estejas bem

A moça

Eu sei o porquê de nascerem os dias
A quem não se quer bem
Deve haver alguma coisa a mais
Mas o mais não vai além
Quando ela surge, os corações se alimentam
O sabor se funde ao dissabor
Quem com ela habita, suporta qualquer tormenta
O ódio se esvai de tanto amor
A moça, dama das rosas etéreas
Atrai o mundo para vê-la consigo

Porcaria de escape

O som noturno é a evocação dos instintos
No umbigo, no sotaque, no barulho, no insisto
Impecável exame amargo dos disfarçados repulsivos
Grudento aroma de pleno vício
A dose melancólica sacia o sangue
Sombra enaltece e afoga os sãos
Tapa o desfrute nas condições
De não ser fria e covarde agredir em distrações
Porcaria de escape
Mancha e devora o que se rende às terapêuticas
Molda e remove o que concede aos rivais
Fotografa o pavor, o mistério, o estágio
Como asno em pó vencido se faz
O perfume nostálgico rastreia as teias do trono
Enquanto o calendário usa o codinome prazer
Nos escombros de si
Porcaria de escape

Querer

Estou exausto dessas constantes mágoas
Minha sombra serve de estátua pra você
Que só sabe que eu existo sem querer
Eu admiro, venero e idealizo
As filosofias contidas nos teus risos
Que só aumentam a minha vontade de lhe ter
E então o que eu quero querer
Quer por si mesmo o querer de tentar
Querer como não se deve querer

Só você

Não é tarde vir ao entardecer
Trazer algumas frutas para compartilharmos
Do livre gosto que há na satisfação de ter...
De ter um pingo de vontade de descansar
Numa cama gostosa festejar com prazer as vitórias
Que imaginarmos, por enquanto
Só você quer o meu bem, tem comigo amizade
Só você quer algo além, me abraça de verdade
E eu me comprometo a te dar felicidade
Confie em mim também

Nesse boteco falta filosofia

Boa noite, queridos amigos
Vim dizer-lhes que hoje estou vivo
Eu já sei que riem de mim, por eu ser assim
Não me importo, porque toda futilidade é banal
Sou um cara especial, de mente e coração, de alma e razão
Queira vocês criticar os meus modos, que eu afirmo brincando:
Sou louco, sou louco, mas louco feliz... E vocês
Será que não entendem onde estão
Será que não procuram o quê da vida
Será que não buscam sentidos no universo
Nesse boteco falta filosofia

Miseráveis

Fui à praça da estação dormir
Debaixo das árvores com os irmãos
Encontramos desencontrados
Uma luz vermelha conhecida
Era a polícia, o guarda e a multidão
Que num dia de santo
Foi pra lá orar até amanhecer
O guarda apontou, a polícia ordenou
E a multidão pediu pra nós morrer
Longe dali
De onde as velas não pudessem enfeitar
Imagens milagrosas que valem mais do que vida
Longe, muito longe
Onde nós, homens miseráveis
Pudéssemos Desaparecer

Cautela é carvão

Não, não terminei
O que tinha pra dizer
Saibam que por essa gente
Eu procuro rebater
Danem-se os fiéis
Que não to vendo salvação
Danem-se os cautelosos
Que hoje cautela é carvão
Carvão que queima
Que queima
E some

10 centavos

Pedem-se 10 centavos
10 centavos são pedidos
Um moleque meio sujo
Pede
Uma senhora deficiente
Também
Um ladrão amigável
Pede
Um cego ator
Também
E todo mundo tá querendo estes 10 centavos

Casa das palavras

Palavras tem vida
Semelhante à dos humanos,
Mas suas casas são livres
De miséria, egoísmo e avareza.
Quem? Como? Quando? Arte!
Letra! Som! Canto!
Onde? Por quê?
E o fim?
Sejam aprendizes dos
Agradáveis jardins
E...
Ilustrem-se!

Para sempre

Quem de nós descobrirá o mundo primeiro
Quem de nós conhecerá a febre no dinheiro
Quem de nós não será um quebrado espelho
De alma perdida refletida nos tempos
Ah... Que esta história de amor vem do além
Do além do espaço, do além das virtudes
Do além da certeza, das vicissitudes
Do além de si mesmo enfim
Todo ser humano descobre um universo próprio
No coração, na ilusão, no querer e no não querer
É lógico que pra alguns isto acontece de capricho
Mas pra outros acolá o maior sacrifício seria não saber viver
Eu vou deixar de pular os dias
Vou beber e comer melodias de felicidade
Porque assim o que passa não passa de uma mentira
Num velho lugar reservado na mente de um homem que crê numa vida
Para sempre

Pode levar

Pode levar alguns anos pra que eu comece a compreender
As suas razões - seus enganos que vieram repreender o nosso relacionamento
Pode levar algumas mortes pra que eu saiba me evadir
Sendo outra vez forte, tendo um novo caminho a seguir sem mais sofrimento
Pode levar alguns planos imprevisivelmente nossos
Até o abismo do esquecimento nos velhos sensíveis recomeços
Pode levar alguns cortes por ter nos abandonado
Do muito que poderíamos compartilhar juntos com outros berços
Pode levar tudo, que eu não me importo
Se assim escolheu, eu me comporto
Faça a sua vontade valer a pena
Se quiser, procure uma lenda
De um príncipe encantado
De um alguém perfeito
De uma alma gêmea, etc e tal
Que eu sinceramente gosto de erros
E quero dividí-los às vezes
Para distrair


Vazio preenchido

Já faz alguns segundos que desistiu de mim
Dizendo "ô, vagabundo, este é o nosso fim"
Sem carro, moto ou bicicleta para conduzir
Sai correndo feito atleta sem ter pra onde ir
Disparado para o nada que tem
O vazio preenchido
De tanta frieza na sua doce voz
Retiro a beleza de quando éramos nós
O par mais apaixonado que eu conhecia
No planeta em que vivíamos de poesia
E agora disparado pro nada eu vou viver
Um vazio preenchido
Por você

Olhos da alma

Qual que seja a cor dos olhos da alma
Cor de amor, cor de dor ou cor de nada
Ela é fascinante mesmo sem transparência
E o poeta sabe que tudo nela é amor, dor e nada

Outro caminho?

Talvez seja sinal de que há outro presente caminho
De que não é realmente necessário ficar sozinho
De que os amados lábios finíssimos e ressecados
Ainda adocicam e apimentam os nossos acasos
Mas quem sabe porém seja mais uma meninice
Entre mechas brilhantes e dedos carrancudos
Que apenas me deixará outra vez triste
Bem lá no meio do vazio no escuro
Sinto falta da timidez que compartilhávamos
Das bochechas rubras de vergonha e dos sonhos
E também daquela atmosfera sensual e desajeitada
Em que juntávamos nossos corpos - quase em chamas
É complicado acreditar que ainda me faz ofegar assim
Com suspiros fortes e breves muitíssimos demorados à alma
Mesmo sem nunca ter despedidas ou sem saber como nos unir enfim
Foge da platéia para poder dispensar o lugar e as indesejáveis palmas
Por isso este seu poeta melancólico prefere calar-se ao mundo - que ele sabe nada

Ponto brilhante

Sabe quando alguém tem uma luz inexplicável que nos chama para perto
Como se fôssemos meros insetos seguindo instintos
E quando esta mesma atração cheira a morte, mas não paramos
Como se fosse bastante viver pelo fascínio
Pronto... Como eu me sinto
Não sei se é delírio, droga ou distúrbio. Não sei se é distração
Há muito tempo eu uso a intuição para atingir meus limites
É certo que eu me engano, porém eu tento
Dessa vez irei feito vento
Por que não condenar a mim mesmo o descontrole
Eu quero ver o que eu posso encontrar nesse ponto brilhante

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sem vontade de escrever.

Torless

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Mas.


Eu
queria
contar
num
livro
as
fantasias
dos
dias
em
que
compartilhávamos
maravilhas

Mas.

Torless

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Outros sentimentos na estrada


Eu ainda tenho o teu cheiro no meu corpo
Eu ainda sei o quanto quero você
Ô menininha, vivamos um sonho
Não adianta mais fugir do querer

Eu só quero que você me compreenda
Que me atenda o telefone à noite
Eu só peço aquilo que nos alimenta
Liberar o sexo ao que divertir

Sei como é que é
Brincar de pisar na lua
Sei e gosto quando
Me diz, me diz: sou tua

E por isso eu vou cantar
O quanto é bom reencontrar
Outros sentimentos na estrada

Pah, pah, pah, pah!... U...u.
La, la, la, la, la... Buh!

Torless
javascript:void(0)
PS: Comoescreverumacançãoemumminuto.com.xD

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ah!


Ah!

Ah!

Ah!

(?)

Há amor no universo. O universo é dividido. A divisão é ruim.
Ruim é não amar. Não amar destrói o homem. O homem ama, logo é racional.
Ser racional não garante a razão. A razão é um fator incerto. Quem é incerto?
Incerto é todo o amor do universo. O universo se tornou pequeno. Pequeno sem amor.
Com pouco. Muito pouco. Pouco. Ponto.

Torless

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Luz e instintos



Sabe quando alguém tem uma luz inexplicável que nos chama para perto
Como se fôssemos meros insetos seguindo instintos
E quando esta mesma atração cheira a morte, mas não paramos
Como se fosse bastante viver pelo fascínio?
Pronto... Como eu me sinto.
Não sei se é delírio, droga ou distúrbio. Não sei se é distração.
Há muito tempo eu uso a intuição para atingir meus limites.
É certo que eu me engano, porém eu tento.
Dessa vez irei feito vento.
Por que não condenar a mim mesmo o descontrole?
Eu quero ver o que eu posso encontrar nesse ponto brilhante.

Torless
Autora da essência: Erika & Karen.
(Ambas deram-me a mesma temática coincidentemente.)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

(?)


Não me importo.
Não me importo com o quê?
Não importa, eu não me importo.
Quem se importa? Você? Eu? Que conversa!

Torless